REVIEW | EA Sports FC 26: o campeão voltou!

O lançamento de EA Sports FC 26 está sendo celebrado como uma um ponto de viradana franquia de simulação de futebol da Electronic Arts: a empresa decidiu ouvir os fãs e o novo game foi construído ouvindo feedback da comunidade para realizar ajustes em problemas que pareciam enraizados desde a época em que o game se chamava FIFA.

Após testes extensivos, o consenso é que o título entregou a melhor jogabilidade da série desde que mudou de nome. A EA se concentrou em melhorias profundas na mecânica de jogo, além de adicionar um dinamismo inédito a modos clássicos.

O golaço da jogabilidade: autêntica vs. competitiva

A principal e mais impactante novidade de EA Sports FC 26 é a introdução de duas jogabilidades distintas, uma decisão certeira para agradar a diversos tipos de jogadores.

Jogabilidade Autêntica (Simulação)

Esta opção é focada no offline e na simulação mais precisa de um jogo real. Ela apfesenta detalhes como ritmo cadenciado, realismo de esforço e melhor experiência tática.

• Ritmo cadenciado: oestilo busca simular partidas profissionais, privilegiando a profundidade tática e exigindo maior paciência e precisão nos passes e na construção de jogadas.
• Realismo de esforço: o cansaço torna-se evidente ao longo da partida, simulando o esgotamento real, o que afeta diretamente a precisão de finalizações, cruzamentos e a velocidade de corridas.
• Experiência tática: jogar com um time de elite como o Real Madrid nesta opção apresenta uma cadência que não se difere tanto de jogar com um time fraco no modo Competitivo, enfatizando a necessidade de cadenciar o jogo e o timing para lances de profundidade.

Jogabilidade Competitiva (Arcade/Online)

Este estilo resgata a sensação que consagrou a franquia e é o padrão para a experiência online, incluindo Ultimate Team e Clubs. Aqui, os destaques são a aceleração e o foco ofensivo.

• Aceleração: traz movimentos mais rápidos, resultando em uma quantidade maior de chances de gol. A sensação é de um estilo arcade e acelerado, que lembra o sucesso de títulos clássicos como FIFA 17.
• Foco Ofensivo: favorece jogadas ofensivas, com passes mais fortes e um controle de bola “coladinho” que permite dribles mais assertivos.

Ajustes de gameplay compartilhados

Apesar da divisão dos tipos de jogabilidade, o jogo traz melhorias universais que são em sua maioria muito bem-vindas em todos os modos de jogo.

• Melhoria nos goleiros: os goleiros receberam uma reformulação no sistema. Eles agora se posicionam melhor, têm animações mais realistas e conseguem espalmar a bola para fora, reduzindo a incidência de rebotes.
• Sistema ofensivo inteligente: os jogadores controlados pela IA se movimentam mais para oferecer opções de passe ou lançamento ao jogador sob controle.
• Vulnerabilidade defensiva: em contrapartida, as defesas se tornaram mais vulneráveis. A marcação automatizada teve uma grande diminuição, e a linha defensiva pode abrir demais, deixando espaço para atacantes com facilidade. Essa mudança exige maior habilidade manual do jogador para defender.

Modo Carreira: dinamismo e imprevisibilidade

O Modo Carreira (Manager) foi o que recebeu a maior injeção de inovação. O objetivo da EA foi torná-lo um ambiente vivo e, pelo que pude experimentar, parece que o resultado foi positivo. Confesso que esse não é o meu modo de jogo preferido, então passei menos tempo com ele.

Manager Live

O Manager Live é um novo hub central que oferece desafios dinâmicos de curta e média duração, atualizados semanal ou mensalmente. O sistema de campanhas autossuficientes permite ao jogador participar de histórias sem precisar seguir uma carreira tradicional completa.

Os desafios são inspirados em acontecimentos reais ou cenários fictícios, como tentar evitar um rebaixamento com penalização de pontos ou levar um clube pequeno a competições continentais.

Cada desafio pode ter parâmetros únicos que modificam regras e condições, como restrições de transferências, táticas obrigatórias, ou limites de idade para o elenco.

Mercado de Técnicos

O Mercado de Técnicos é uma novidade que torna o modo mais realista. Treinadores (IA ou jogador) podem trocar de clube, ser demitidos ou receber propostas com base em fatores como segurança no cargo, tempo de contrato e compatibilidade tática com a filosofia do novo clube.

Agora é possível selecionar até cinco ligas adicionais para rodarem simultaneamente ao campeonato principal, criando um cenário global mais interligado.

Por fim, há também os chamados “eventos inesperados”. Essa novidade adiciona um fator surpresa à carreira. Situações imprevistas, como lesões em “datas FIFA”, boatos ou vetos de transferência da diretoria, exigem decisões imediatas que impactam o curso da campanha.

Carreira de Jogador (Arquétipos)

Embora tenha menos evoluções que o modo Manager, a Carreira de Jogador foi aprimorada com o novo sistema de arquétipos.

O jogador pode desbloquear, progredir e desenvolver 13 arquétipos diferentes, inspirados em lendas do futebol. Cada um possui especializações e perks (vantagens específicas) que influenciam o comportamento do atleta em campo.

Há narrativas expandidas, como iniciar a trajetória como um jovem recém-promovido da base ou um goleiro em busca de espaço, conectadas com interações nas redes sociais virtuais do jogo.

Ultimate Team (FUT) e Clubs: consistência online

Os modos multiplayer receberam ajustes focados em competitividade, variedade e justiça. O FUT, certamente, é um dos mais populares entre todos eles e, embora em linhas gerais a lógica seja sempre a mesma, há sim melhorias perceptícveis que ajudaram a melhorar a jogabilidade.

O FUT recebeu o Competitive Gameplay, um conjunto de ajustes para garantir maior responsividade, consistência e controle nas partidas, reduzindo fatores aleatórios como rebotes de goleiro e bolas que voltam ao adversário após desarme.

Foram introduzidos também os Live Events (competições temáticas e dinâmicas) e o retorno dos Torneios eliminatórios. O novo modo Gauntlet testa a profundidade do elenco, exigindo formações e elencos completamente diferentes em cada uma das até cinco partidas.

O sistema de qualificação para o Champions foi simplificado, removendo os Playoffs e garantindo acesso direto por meio de pontos. Foi criada a camada Challengers para jogadores de divisões mais baixas.

Já o Rivals agora conta com Bounties (missões instantâneas com recompensas na próxima partida) e Limited Checkpoints para evitar que jogadores fiquem presos em divisões incompatíveis. Além disso, o sistema que concede vitória em casos de desconexão ou abandono adversário foi ampliado, corrigindo uma frustração antiga da comunidade.

O sistema de Evoluções foi expandido para permitir aprimoramento de goleiros (GK Evos) e oferece opções repetíveis, dando maior flexibilidade na montagem do elenco. A EA também demonstrou compromisso em diminuir a curva de poder (skill gap), com cartas especiais iniciais menos poderosas.

Clubs

O modo Clubs foi aprimorado com foco na experiência cooperativa e na qualidade de vida.

Uma mudança solicitada pela comunidade foi a ausência de fadiga acumulada. Isso significa que os jogadores não precisam se preocupar com a recuperação total da barra de estamina após várias partidas consecutivas.

Assim como no Modo Carreira, os arquétipos foram introduzidos no Clubs, funcionando como classes de jogador com estilos e vantagens específicas para as partidas em equipe.

Mesmo gráfico e velhos problemas

Eu considero que ouvir a comunidade e endereçar mudanças nos pontos de maior reclamação dos jogadores é um grande avanço. Pode parecer óbvio, mas ano após ano a EA insistia em ignorar aqueles que mais se dedicavam ao ecossistema do jogo.

Entretanto, mesmo com notáveis melhorias isso não singifica que o jogo está perfeito. Ao contrário, apesar das melhorias na jogabilidade, o game mantém alguns desafios estruturais.

A parte gráfica é a que possui menos avanços em relação à geração passada. Embora o visual dos jogadores mais famosos mantenha alta fidelidade, atletas menos populares continuam com traços genéricos. A principal melhoria visual está nos efeitos climáticos, como a chuva, que ganhou contornos realistas, com impacto perceptível no campo e na jogatina.

A narração segue em português com Gustavo Villani e Caio Ribeiro, mas com poucas atualizações significativas nas falas. O modo Rush agora utiliza locução gerada por IA – e eu particularmente achei ela bem desinteressante.

E continua caro

O custo de lançamento do jogo, que pode chegar a quase R$ 500 (Edição Ultimate), ou R$ 350 (na versão padrão), é considerado alto para um título anual.

Eu realmente acho que já passou da hora de EA transformar EA Sports FC 26 em um jogo base gratuito, com pagamento mensal de um assinatura para acesso ao game. Na prática, pagar R$ 30 mês ou R$ 360 uma vez por ano já é praticamente isso, uma vez o game é sempre basicamente uma grande atualização.

Porém, se eu pudesse escolher pagar apenas pelos meses que jogo, certamente terminaria o ano com alguma economia.

EA Sports FC 26: vale a pena?

EA Sports FC 26 é uma evolução consistente e está entre os melhores da franquia nos últimos anos. A separação da jogabilidade e as inovações no Modo Carreira Manager (com Manager Live e Mercado de Técnicos) são os grandes triunfos.

O Ultimate Team também se tornou mais justo e diversificado com a introdução do Gauntlet e o foco em Evoluções de goleiros.

Ainda que o jogo continue preso a velhos problemas, como a repetição visual e a vulnerabilidade da IA defensiva, a experiência geral é mais divertida e refinada do que nunca. Para o fã do online competitivo, o investimento vale o custo pela jogabilidade aprimorada.

EA Sports FC 26 foi gentilmente cedido pela EA para a realização desta análise.