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REVIEW | Stellar Blade acerta em quase tudo, mas erra na hipersexualização

Stellar Blade Análise | Quem diria que um estúdio inexperiente não poderia chocar o mundo já no seu primeiro lançamento AAA?

Stellar Blade / Stellar Blade Photo Mode
Créditos: Divulgação/Shift UP

Stellar Blade finalmente chegou e muitos estão de olho sobre como está o ingresso da sul-coreana Shift UP no universo exigente dos jogos de console, depois de relativo sucesso em games mobile como Goddess of Victory Nikke, que causou furor justamente por trabalhar com garotas sensuais atirando para todos os lados.

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Como falei na prévia do jogo, de início Stellar Blade não me fisgou, uma vez que belas mulheres sendo objetificadas para atingir um público muito jovem era, até então, o pilar central das discussões online sobre o jogo e eu não me sentia confortável em depositar energias em um projeto que significava um retrocesso neste sentido.

Porém, a realidade é que temos muito que mergulhar neste RPG de ação além da temática exagerada da sensualização de Eve e é exatamente sobre isso que vamos falar nesta análise. Eu consegui investir boas horas no jogo, até mais do que imaginava, e conferir os diferentes finais disponíveis com vontade de ver mais. E isso é um bom sinal.

Subindo de marcha

A primeira coisa que precisamos falar é sobre a jogabilidade de Stellar Blade. Afinal, em um RPG de ação isso é geralmente a coisa mais importante e, se estamos falando de um estúdio sem grande histórico, é a primeira desconfiança que precisamos averiguar. Felizmente, a Shift UP acertou no alvo.

Há uma combinação muito, mas muito boa de combate, ao maior estilo de Bayonetta ou Devil May Cry, onde é necessário precisão afiada nas esquivas. Os bloqueios, semelhantes aos de Sekiro: Shadows Die Twice, da From Software, e dos mais recentes God of War sob temática nórdica, estão construídos no balanço certo, sem serem punitivos ao passo que usá-los corretamente faz uma diferença danada.

Nem parece que o estúdio só fazia jogo mobile

Tudo flui naturalmente e isso é uma pontuação tremenda para uma desenvolvedora relativamente nova e tentando mostrar serviço. Eu tinha até um receio que a demo pudesse ter focado nas mecânicas de tiroteio iniciais como forma de ajudar na pré-venda e depois decepcionar na dosagem, mas também fiquei extremamente contente o quanto elas são de fato significativas durante o game inteiro.

Você usa as armas para acabar com inimigos distantes o tempo todo e o fato da Shift up envelopar vários sistemas que se entrelaçam sem pender demais para algo enfadonho é um tremendo sucesso. Desde o início, diferente de Rise of the Ronin, eu fiquei muito interessado na precisão dos bloqueios nos tempos de esquiva. Acertar o timing é recompensador e com os upgrades fica incrivelmente legal de dominar. 

São poucos os inimigos nos quais a gente sofre para acertar o tempo para bloquear um ataque. Em outras palavras, é um dos poucos jogos onde você fica confiante de que pode acertar vários bloqueios sequenciais sem dizer que é fácil e também sem sofrer demais devido aos erros que eventualmente cometer.

Coreografia estelar

Como falei, uma das coisas mais legais em Stellar Blade é justamente que os bloqueios e esquivas têm diferentes ataques de acompanhamento que podem ser realizados, seja para atacar um único alvo ou até vários deles. Isso causa uma grande variedade de reposicionamento e possibilidades de ataque, criando uma infinidade de combos possíveis em que podemos emendar vários golpes para causar muito dano.

Para descrever a mecânica, o jogo tem um ritmo muito ordenado: algo como “minha vez, sua vez”. Portanto, se você está tentando aplicar uma cadeia de combo inteira e fazer malabarismos como em Devil May Cry — a menos que você esteja utilizando certos equipamentos e habilidades —, você não vai conseguir fazer isso.

Ou seja, você vai precisar realizar um combo de até três golpes e depois fazer a transição de posição para tentar obter esquivas e bloqueios à medida que o inimigo começa a atacar e, só depois de atordoá-los, pode então seguir com seu combo com quatro ou cinco golpes novamente. 

Fora isso, temos uma variedade de diferentes habilidades especiais que podemos fazer e a demo realmente deu às pessoas uma boa olhada nelas. Obviamente, no jogo completo temos a chance de adentrar naquelas outras árvores de habilidades que não estavam disponíveis, conseguindo jogar com outro conjunto e algo que vamos apenas chamar de modo Super, que acaba te fortalecendo.

Todas as suas habilidades ficam mais fortes com o tempo, assim como nos últimos God of War, e aí se você gostou realmente vai se sentir em casa.

Uma vasta árvore de habilidades

A árvore de habilidades de ataque oferece uma variedade de combinações de ataques que podem ser aprimoradas. Os Ataques Beta também usam uma barra de energia acima da barra de HP. Esses ataques são essenciais para causar dano à distância ou quebrar o escudo do inimigo quando as coisas estão ficando muito difíceis

A barra de escudo fica abaixo da barra de saúde de Eve e dos oponentes. Apesar de não eliminar todo o dano, ele consegue absorver uma parte dele. Como resultado, seus ataques tornam-se mais eficazes quando essa barra se esgota, mas se a sua própria barra de escudo zerar, você sofrerá mais dano.

Já os Ataques Explosivos são diferentes das Habilidades Beta porque são destinados a situações que exigem danos significativos ou benefícios para a protagonista. Eles também podem ser ativados por uma barra de energia que está acima da Energia Beta. Isso lhes dá a capacidade de realizar ataques que derrubam os oponentes, golpes em áreas ou dashes explosivos que intimidam e causam danos aos inimigos.

Há um terceiro tipo de ataque ofensivo semelhante à Fúria de Esparta do jogo God of War. Na vertente defensiva, a árvore de habilidades de sobrevivência possui habilidades como o teleporte, que pode ser usado quando você aperta o botão quando um círculo azul aparece sobre o inimigo antes de um ataque. 

Eve pode se mover rapidamente para trás do alvo, o que permite que ela contra-ataque. Um círculo roxo representa a capacidade de repelir, que funciona de maneira semelhante ao teleporte. Eve bloqueia o ataque e desorganiza a defesa do adversário, deixando-o vulnerável aos danos de suas armas de fogo quando é usada no momento certo.

Das mecânicas adicionais, um ponto importante é como você coleta itens que não cabem no inventário, como o limite de cura que você não pode carregar. Elas são meio que sugadas para o seu personagem e então atualizadas sempre que você acaba descansando em um ponto de verificação. Porém, isso não se aplica com as munições, que são encontradas em loot ou compradas ocasionalmente — o que gera certa ansiedade se você está cheio e vê tudo aquilo lá solto sem nada que possa fazer…

Já os upgrades e os exoesqueletos são meio que seus mesmo, afinal são itens definidores de construção. Eles estão muito bem escondidos ao longo do jogo, assim muitos jogadores podem acabar se sentindo bastante limitados em determinados momentos se não encontrá-los, pois eles alteram drasticamente o personagem para aplicar combos diferentes.

A velha narrativa da salvação da humanidade

Precisamos falar sobre a história de Eve. Embora eu não queira entrar em spoilers de forma alguma, quero dizer que acabei gostando muito mais do que imaginava. A gente pensa que vai ser um NieR recauchutado e acaba sendo surpreendido positivamente.

Basicamente, temos em Eve um modelo de soldado que desce do espaço para reconquistar uma Terra tomada por vilões bestiais e horrorosos (assim como Helldivers), com momentos non sense inclusos. E as semelhanças com NieR aqui não são coincidências, já que grande parte da trilha sonora foi construída por Okabe, o mesmo compositor.

Infelizmente, Eve não precisava ser tão sensualizada para demonstrar toda a sua força

Enquanto falta um pouco de emoção e uma hipersexualização desmedida, a adrenalina compensa. A história traz algumas reviravoltas chocantes e vários finais, incluindo chefes diferentes de acordo com as decisões tomadas, o que apreciei muito. Tomar riscos assim são louváveis se bem utilizados, pois permitem experiências ímpares e uma busca por debate e trocas de informações com outras pessoas após terminar que lhe deixa pensando ainda mais na obra.

E por que riscos? Bem, ao tomar decisões como essa, sempre há a chance de boa parte dos jogadores não explorarem todas as jornadas… Mas foi algo que foi bem resolvido em Stellar Blade. 

Bem cadenciado e com exploração na medida certa

O level design é excelente e dá para classificar as áreas do jogo em três conjuntos distintos:

  • As bem estruturadas e ligeiramente abertas (como vimos na demo), onde alguns inimigos vão querer te emboscar e há muitos deles colocados estrategicamente em lugares para surpreendê-lo.
  • As áreas realmente de mundo aberto que são amplas e com hordas grandes de inimigos, espalhados por toda parte, e cujos objetivos são super variados.
  • As áreas subterrâneas, onde você acaba bem mais limitado e pode usar apenas armas de fogo, dando um ar nostálgico até de games de terror como Resident Evil.

Todas as três se repetem ao longo do jogo algumas vezes, só que isso não é necessariamente algo ruim. Justamente por haver essa transição, acaba havendo uma diversidade interessante que mantém você mais entretido e menos sobrecarregado.

Stellar Blade não fica próximo da amplitude e do uso de diferentes biomas como em um Horizon Zero Dawn ou de Dragon’s Dogma, porém a visão pós-apocalíptica da Terra funciona bem aqui. Além de seguir uma missão principal, sempre há várias atividades secundárias de NPC que se tornam disponíveis conforme progredimos, com um quadro de missões onde você pode pegar e escolher o tipo de trabalho.

Elas são muito diretas e em várias oportunidades eu eliminava quatro ou cinco entre uma principal para conseguir habilidades novas ou itens cosméticos como trajes novos e melhores equipamentos. Por isso, concluir Stellar Blade varia de quanto disposto você está em investir tempo, recompensado pelo final mais completo, por assim dizer.

A história em si tem entre 25 e 30 horas, permitindo que você invista quase o dobro se quiser completar tudo  o que existe.

Eu diria que pelo valor e quantidade de conteúdo está bem dimensionado, visto que tivemos jogos recentes que empurravam tarefas enfadonhas a rodo para alcançar números exorbitantes como 70 a 100 horas por puro luxo. E um jogo single player desses não precisa ser tão longo assim, sejamos sinceros.

Trilha sonora dá ritmo e emociona

Se a jogabilidade é excelente e a história é ok, então precisamos falar sobre trilha sonora e design de som. Pra mim, está aí o ponto fora da curva em Stellar Blade. O som das espadas batendo, os sons dos bloqueios, os resmungos dos monstros, os gritinhos da Eve e o ritmo da música frenética são sensacionais.

A música, em partilhar, é incrivelmente boa. É uma das poucas vezes que dá vontade de pegar a versão mais cara para ter acesso só à trilha e eu sempre achei isso dinheiro jogado fora. Eles fizeram de fato um trabalho excepcional. Enquanto a maioria dos jogos trabalha de forma segura, aqui há uma grande ecleticidade pouco vista em obras de games.

Existem faixas extremamente calmas no qual você quer apenas tocar para adormecer, K-POP e  até aquelas de rock hardcore que levantam o ânimo para fazer várias coisas ao mesmo tempo. Este é um forte candidato a levar os prêmios relacionados ao design sonoro este ano, ao lado de Final Fantasy 7 Rebirth.

Poucas foram as vezes nessa vida que eu quis a versão deluxe
só pela trilha sonora

Já em termos visuais, é possível trocar entre o modo de Desempenho para cravar os 60 fps, um Balanceado e outro mais voltado à Qualidade Gráfica. Em geral, o jogo roda muito bem no PS5.

Existem de fato áreas ocasionais onde eu podia dizer que eu sentia um pouco da engine mais pesada e também pop-ins, como  nas zonas desérticas de  mundo aberto ou lutas que tinham uma tonelada de diferentes efeitos de partículas acontecendo, mas na maior parte, eu diria que você está olhando para um estável 60 frames mesmo no Balanceado.

O Balanceado parece ser um ponto ideal muito bom porque eu gosto dos meus visuais de qualidade mais alta que vêm junto com 4K, mas obviamente em um jogo como este, ter uma taxa de quadros consistente o mais próximo possível de 60 vai fazer as coisas ficarem muito mais suaves em termos de puxar aqueles bloqueios precisos ou os esquivas precisos.

Stellar Blade realiza um trabalho sólido, com excelentes texturas, trajes bons e uma personagem principal maravilhosa em todos os sentidos. Os inimigos são incrivelmente grotescos, com carne e dentes e, você sabe, espinhas e ossos saindo por todo lado.  O design do inimigo é realmente sinistro e há o que apreciar aqui se você gosta desta pegada.

Vale a pena?

Dosar a dificuldade e o sistema de parry é extremamente difícil de conquistar para uma desenvolvedora que não é veterana. e está acostumada só ao mundo mobile. Vimos em Rise of the Ronin e até no excelente Lies of P que encontrar o equilíbrio sem classificar jogadores em diferentes gavetas de níveis de habilidade também é algo complicadíssimo e aqui a Shift UP se saiu super bem.

Stellar Blade acerta em quase tudo que se propõe a fazer, uma façanha grandiosa para um estúdio colocado à prova e sem grandes experiências anteriores. Este é provavelmente um dos jogos de RPG de ação mais divertidos que eu já joguei depois de God of War e Sekiro.

Se você não ficou animado mesmo assim, convido a apreciar pelo menos os belos visuais de Eve, que emana o mesmo vigor e a vitalidade de Bayonetta, mas com gráficos de alto escalão.

Prós

Jogabilidade afiada e dinâmica, principalmente em batalhas contra os chefes

Variedade extensa de habilidades e combos

Trilha sonora fenomenal e diversificada

Gráficos de alta qualidade e design de inimigos e personagens impressionante

Contras

Hipersexualização do personagem

Falta de um modo de salvamento manual

Stellar Blade foi gentilmente cedido pela Sony para a realização desta análise. O game está disponível com exclusividade para PlayStation 5.

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