Felipe Gugelmin 
Na última terça-feira (16), gerou muita polêmica a publicação de uma matéria da Bloomberg, na qual a Larian Studios afirmou que estava usando inteligência artificial (IA) generativa na produção de Divinity. Em resposta, o chefe do estúdio e diretor do game, Swen Vincke, publicou uma longa resposta no X afirmando que a tecnologia não está sendo usada para substituir profissionais.
“Temos um time de 72 artistas, entre os quais 23 são artistas conceituais e estamos contratando mais. A arte criada é original e estou muito orgulho do que eles fazem”, afirma Vincke. Ele também esclareceu que o estúdio usa a IA generativa como uma forma de “explorar coisas”, e não para desenvolver suas artes conceituais ou roteiros.
“Os artistas fazem isso. E eles são artistas de alto nível”, explicou o diretor de Divinity. “Usamos ferramentas de IA como exploramos referências, assim como usamos o Google e livros de arte. Nas fases inicias de desenvolvimento, usamos isso como um esboço para a composição, que depois substituímos pela arte conceitual original. Não há comparação”.
Divinity usa IA porque estúdio “não quer ficar para trás”
Em uma mensagem enviada à IGN, Vincke também explicou que a intenção da Larian Studios não é substituir desenvolvedores, mas sim enriquecer seus processos criativos. “Não estamos lançando um game com qualquer componente de IA, tampouco estamos pensando em reduzir times para substituí-los pela tecnologia”.
Logo após as falas do executivo ganharem repercussão, Jason Schreier, da Bloomberg, compartilhou mais detalhes da entrevista que gerou a polêmica. Nela, o chefe da Larian Studios admitiu que a tecnologia não está acelerando processos de desenvolvimento ou entregando todas as suas promessas, embora permita que suas equipes façam mais experimentos.
Vincke também explicou que costuma usar ferramentas do tipo para corrigir seu inglês, visto que esse não é seu idioma nativo. Além disso, ele admitiu que parte do motivo para as equipes de Divinity usarem a IA generativa é pelo medo de “ficar para trás” caso a tecnologia realmente seja o futuro — por mais que seus resultados até o momento não sejam impressionantes.
Essa é uma indústria guiada pela tecnologia, então você testa as coisas. Você não pode se dar ao luxo de não usá-las, porque se alguém encontrar o ovo dourado e você não o estiver usando, você está morto nessa indústria.
Swen Vicke, CEO da Larian Studios
O executivo também afirmou que vê como sua missão garantir que a empresa usa as tecnologias mais recentes do mercado, porque pode “se arrepender” caso não faça isso. As falas do executivo foram recebidas de forma mista nas redes sociais, com muitos comentaristas reforçando que deixaram de ficar empolgados com Divinity depois disso.
Entre as críticas feitas ao executivo está o fato de que ele parece ignorar os problemas de direitos autorais e o alto custo energético e ambiental da IA generativa, além de sua falta de originalidade. Também houve quem apontasse que a própria empresa já havia criticado abertamente a tecnologia em um passado recente — e que, ao adotá-la por “medo de perder a onda”, ela se mostra igual aos diversos outros estúdios dos quais tentou se diferenciar publicamente.
Fonte: Kotaku
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