Gustavo Bonato Abrão 
Quando o assunto é descobrir quais jogos realmente marcaram época, poucas fontes têm o peso do Metacritic. O site funciona como um dos principais agregadores de notas da indústria, reunindo análises de veículos especializados do mundo inteiro, aplicando média ponderada e mantendo critérios consistentes ao longo das décadas.
Isso permite enxergar tendências, comparar gerações e entender quais títulos alcançaram um impacto duradouro não só entre jogadores, mas também entre críticos.
Para criar este ranking, usamos exatamente essa métrica: o Metascore, que considera apenas avaliações profissionais e inclui tanto RPGs tradicionais quanto RPGs de ação.
A mistura ajuda a representar a evolução do gênero, que deixou de ser restrito a sistemas de batalha por turno e se ramificou em estilos diferentes, todos com profundidade narrativa, progressão de personagem e construção de mundo.
Vale lembrar: avaliações profissionais nunca são completamente neutras. Cada veículo carrega preferências, tecnologias variam ao longo das décadas e o impacto cultural de um jogo depende do momento em que ele chega.
Mesmo assim, quando se reúne uma quantidade grande de análises independentes, surge um panorama consistente
Critérios deste ranking
Para chegar aos dez melhores RPGs e action RPGs de todos os tempos, partimos do ranking All-Time do Metacritic, que reúne as maiores notas já atribuídas pela crítica especializada desde 1998.
A partir dessa lista geral, filtramos manualmente apenas os títulos que realmente pertencem aos dois gêneros — considerando tanto o RPG clássico quanto o action RPG, que se tornou dominante ao longo das últimas gerações.
Essa curadoria foi necessária porque o Metacritic não oferece um filtro oficial de “melhores RPGs de todos os tempos”; ele mistura gêneros amplos no ranking geral e vários jogos estão classificados em categorias diferentes.
Por isso, revisamos cada jogo exibido nas primeiras posições, cruzamos sua classificação oficial, avaliamos suas características de jogabilidade e incluímos apenas títulos reconhecidos pela indústria como parte do gênero.
Enquete
Top 10 RPG e Action RPG de todos os tempos
10. Diablo
Metascore: 94
Plataforma original: PC (1996)
O primeiro Diablo não inventou o RPG de ação, mas mudou suas regras para sempre. A Blizzard transformou a ideia de explorar masmorras em algo rápido, viciante e acessível, com uma estrutura que incentivava sessões longas e recompensas constantes.
O clique frenético, o loot aleatório e a sensação de entrar mais fundo nos corredores de Tristram criaram um estilo que definiria dezenas de jogos, de Path of Exile a Torchlight.
A crítica da época destacou como Diablo conseguia combinar atmosfera sombria, progressão clara e combate imediato sem abrir mão da profundidade. Mesmo hoje, sua música, seus corredores estreitos e seu ritmo de jogo continuam icônicos.
É um dos raros títulos que ajudaram a moldar não só um gênero, , mas uma expectativa inteira sobre como um RPG pode funcionar quando ritmo e tensão trabalham juntos.
9. Baldur’s Gate II: Shadows of Amn
Metascore: 95
Plataforma original: PC (2000)
Baldur’s Gate II é a definição do que muitos chamam de “RPG clássico”. Construído sobre as regras de Dungeons & Dragons, ele combina narrativa profunda, liberdade de escolha e personagens que se tornam memoráveis não só pela escrita, mas pelos dilemas que carregam.
A BioWare, ainda no início de sua trajetória, entregou um jogo que explorava maturidade temática sem se afastar do espírito de aventura que marcou os RPGs de mesa.
Críticos elogiaram especialmente a escala do mundo e a forma como as decisões do jogador influenciam conflitos, alianças e desfechos. Shadows of Amn parece sempre maior do que o esperado, com missões que evoluem de pequenos problemas locais para situações que mexem com deuses, facções inteiras e a própria identidade do protagonista.
É uma obra que continua referência para quem entende RPG como narrativa carregada de consequências.
8. The Legend of Zelda: Twilight Princess
Metascore: 96
Plataforma original: Nintendo GameCube / Wii (2006)
Twilight Princess é o Zelda mais sombrio da era moderna e um dos action RPGs mais marcantes da Nintendo. Ele trouxe um mundo amplo, dungeons elaboradas e uma narrativa que explora temas de perda, amadurecimento e identidade, com uma direção artística que mistura fantasia heroica com tons quase melancólicos.
A transformação do Link em lobo e a parceria com Midna (uma das personagens mais carismáticas da franquia) deram ao jogo um tempero próprio, equilibrando ação intensa com momentos de introspecção.
A crítica reconheceu Twilight Princess como um ponto alto da série, principalmente pela forma como combina sistemas de progressão e combate com exploração aberta e puzzles inteligentes. É um título que entrega a sensação clássica de aventura e, ao mesmo tempo, traz densidade suficiente para ser lembrado como um action RPG de destaque.
7. Mass Effect 2
Metascore: 96
Plataforma original: Xbox 360 (2010)
Mass Effect 2 é um dos maiores exemplos de como narrativa, escolhas e construção de mundo podem funcionar em um RPG de ficção científica.
A BioWare refinou tudo o que havia criado no primeiro jogo, acelerando o combate, ampliando o peso das decisões e transformando a Missão Suicida em um dos momentos mais emblemáticos do gênero.
Cada membro da equipe tem motivações próprias, conflitos internos e uma jornada que influencia o desfecho. E perder alguém é uma possibilidade real.
A crítica destacou como o jogo combina ritmo cinematográfico e profundidade emocional. O universo se expande de forma orgânica, com planetas, culturas e dilemas morais que fazem o jogador sentir que está cuidando não só da própria história, mas do destino de uma galáxia inteira.
É um RPG que entende o valor da escolha e da consequência, sem sacrificar ação ou fluidez.
6. The Elder Scrolls V: Skyrim
Metascore: 96
Plataforma original: PC / PS3 / Xbox 360 (2011)
Skyrim virou sinônimo de liberdade. A Bethesda construiu um mundo aberto que não só impressionou pelo tamanho, mas pela sensação de que sempre há algo inesperado.
É um RPG onde o jogador determina seu próprio ritmo: seguir a trama principal, mergulhar em facções, colecionar histórias paralelas ou simplesmente vagar pelo mapa observando o que acontece.
A crítica reconheceu a força do sistema de progressão, que incentiva experimentação e cria personagens tão únicos quanto o próprio percurso de cada jogador. A ambientação nórdica, a trilha grandiosa e os encontros imprevisíveis reforçam uma atmosfera que permanece viva mais de uma década depois.
Skyrim não definiu somente sua geração, ele moldou como RPGs de mundo aberto seriam avaliados dali em diante.
5. Elden Ring
Metascore: 96
Plataforma original: PS5 / PS4 / Xbox Series / Xbox One / PC (2022)
Elden Ring é a consolidação de mais de uma década de ideias da FromSoftware. O estúdio pegou a estrutura desafiante dos seus action RPGs e expandiu tudo em escala de mundo aberto, oferecendo liberdade real para explorar, experimentar e enfrentar o desconhecido. O resultado é um mapa vivo, cheio de segredos, biomas contrastantes e criaturas que parecem pertencer a um universo criado há séculos.
A crítica foi unânime em elogiar a forma como o jogo concilia dificuldade, descoberta e narrativa ambiental. Cada região funciona como uma história silenciosa, contada por ruínas, inimigos e atmosferas.
O combate mantém a intensidade característica do estúdio, mas com espaço para estilos variados — da brute force à magia mais elaborada. É um daqueles títulos que não apenas impressionam no lançamento, mas permanecem referências diretas para tudo o que vem depois.
4. The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom
Metascore: 96
Plataforma original: Nintendo Switch (2023)
Tears of the Kingdom aprofunda tudo o que Breath of the Wild apresentou e transforma o conceito de mundo aberto em algo mais experimental, mais vertical e mais criativo.
A Nintendo não só expandiu Hyrule como adicionou camadas inteiras (o céu e o subterrâneo) e introduziu sistemas que permitem ao jogador criar soluções próprias para quase qualquer desafio.
A construção livre, a física interativa e a variedade de abordagens para combate e exploração fizeram o jogo ser reconhecido como um dos pontos mais altos do action RPG moderno.
A crítica destacou a ousadia do design sistêmico, onde ferramentas simples geram possibilidades quase infinitas. O jogo recompensa curiosidade e improviso, e cria momentos que parecem únicos para cada pessoa que joga. É um RPG de ação que convida à invenção constante e mostra como repensar um universo inteiro sem perder sua identidade.
🥉 3. Baldur’s Gate 3
Metascore: 96
Plataforma original: PC (2023)
Baldur’s Gate 3 representa um renascimento do RPG tradicional em plena era dos mundos abertos e dos sistemas de ação.
A Larian pegou as regras de Dungeons & Dragons e traduziu para um jogo que combina profundidade estratégica, escolhas com impacto real e uma escrita que trata personagens como camadas, não como caricaturas.
Toda conversa, rolagem de dado e missão paralela pode mudar inteiramente o rumo da aventura, criando histórias pessoais que nunca se repetem da mesma forma.
A crítica apontou que BG3 devolveu protagonismo ao RPG clássico, mostrando que decisões bem construídas e sistemas complexos continuam relevantes (e desejados) mesmo para um público acostumado a ritmo acelerado.
A naturalidade das relações entre personagens, a forma como o mundo reage às falhas e sucessos do jogador e a gigantesca liberdade de abordagem tornaram o jogo um marco contemporâneo.
É a prova de que escolhas profundas ainda são uma das experiências mais poderosas do gênero.
🥈 2. The Legend of Zelda: Breath of the Wild
Metascore: 97
Plataforma original: Nintendo Switch / Wii U (2017)
Breath of the Wild redefiniu o conceito moderno de mundo aberto ao abandonar estruturas rígidas e entregar ao jogador um ambiente que funciona como um grande laboratório de física, exploração e descoberta.
Em vez de seguir rotas pré-estabelecidas, o jogador escolhe onde ir, o que enfrentar e como resolver as situações impostas. E quase sempre existe mais de uma resposta possível. A sensação de liberdade não vem de map markers, mas de curiosidade genuína.
A crítica reconheceu o jogo como uma ruptura no gênero. O jogo opera segundo sistemas que se interligam, criando reações e situações improváveis.
Nada parece decorativo: chuvas, ventos, correntes, combustão, altitude… Tudo vira ferramenta. A organicidade transformou Breath of the Wild em um dos action RPGs mais influentes da história recente e em um dos títulos mais citados quando se fala em reinvenção de design.
🥇 1. The Legend of Zelda: Ocarina of Time
Metascore: 99
Plataforma original: Nintendo 64 (1998)
Ocarina of Time não é só o action RPG mais bem avaliado do Metacritic, é um dos jogos mais influentes já criados.
A transição de Zelda para o 3D definiu padrões de câmera, travamento de mira, estrutura de exploração e design de dungeons que guiariam toda a indústria nos anos seguintes. As regiões variadas do mapa carregam identidade própria, e a jornada de Link entre passado e futuro estabelece um ritmo que parece moderno até hoje.
Críticos apontaram, na época, que o jogo elevava a ideia de aventura interativa a um novo patamar. A narrativa se desenvolve com naturalidade, os personagens evoluem com uma sutileza rara para época e a trilha de Koji Kondo marcou uma geração inteira.
Mesmo décadas depois, Ocarina of Time continua sendo referência sempre que se fala em imersão, progressão e construção de mundo — elementos centrais do action RPG contemporâneo.
Um título que atravessou gerações porque entende que tecnologia importa, mas visão artística e precisão de design são o que realmente permanecem.
Menções honrosas que moldaram o gênero
Alguns títulos não entraram no Top 10 por enquadramento no gênero ou por critérios editoriais, mas continuam essenciais para entender a evolução do RPG e do action RPG.
São jogos que deixaram marcas profundas, influenciaram obras posteriores e ajudaram a definir expectativas dentro e fora da crítica.
Red Dead Redemption 2 — 97 (ação em mundo aberto)
Não é RPG puro, mas sua profundidade narrativa, progressão de personagem e densidade de mundo o colocam entre as experiências mais ambiciosas já criadas. Serviu de referência até para RPGs que vieram depois.
The Elder Scrolls IV: Oblivion — 94
Antes de Skyrim dominar o mundo, Oblivion já mostrava como um RPG de mundo aberto poderia ser reativo, expansivo e guiado pelas escolhas do jogador. É um dos pilares da Bethesda na construção de universos amplos.
Chrono Cross — 94
Um RPG evidenciado pela estrutura incomum, múltiplos caminhos narrativos e ambientação evocativa. Continua sendo debatido por sua ousadia temática e por seu estilo singular de contar histórias.
Final Fantasy IX — 94
Com atmosfera clássica e personagens cativantes, é um dos títulos mais respeitados da franquia. Sua narrativa leve, mas sofisticada, o mantém entre os JRPGs mais queridos pela crítica.
God of War — 94 (action)
Um action game centrado em narrativa e progressão, que influenciou a abordagem de vários action RPGs posteriores. Entra como menção pela qualidade técnica e pelo impacto claro no gênero híbrido.
Mass Effect 3 — 93
Fechamento de uma das trilogias mais importantes do RPG moderno. Mesmo com controvérsias no final, a crítica reconhece a força das missões, o refinamento do combate e a escala emocional da jornada. É um título fundamental dentro do gênero.
Divinity: Original Sin II — 93
Um dos RPGs táticos mais celebrados da história. A liberdade de ação, os sistemas combináveis e a escrita madura criaram a base que impulsionaria Baldur’s Gate 3 anos depois.
The Witcher 3: Wild Hunt — 92
Um marco do RPG narrativo contemporâneo. Com personagens fortes, escolhas difíceis e missões que parecem pequenas novelas, redefiniu o patamar de escrita e ambientação no gênero.
Chrono Trigger — 92
Clássico atemporal. Sua narrativa elegante, trilha marcante e estrutura de tempo não linear transformaram o jogo em referência permanente sobre como equilibrar simplicidade e profundidade.
Final Fantasy VII — 92 (original)
O jogo que levou o JRPG ao mainstream global. Sua mistura de storytelling cinematográfico e mundo futurista fez história — e continua influenciando o gênero quase três décadas depois.
ToP 10 RPG vs. Top 10 Action RPG
E se segregarmos melhor a diferença entre os subgêneros? Poderíamos ter algo como…
| Ranking | RPG (clássico / CRPG / JRPG) | Action RPG |
|---|---|---|
| 1º | Baldur’s Gate 3 — 96 (PC, 2023) | The Legend of Zelda: Ocarina of Time — 99 (N64, 1998) |
| 2º | Baldur’s Gate II: Shadows of Amn — 95 (PC, 2000) | The Legend of Zelda: Breath of the Wild — 97 (Switch/Wii U, 2017) |
| 3º | The Elder Scrolls V: Skyrim — 96 (PC/PS3/X360, 2011) | The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom — 96 (Switch, 2023) |
| 4º | Mass Effect 2 — 96 (Xbox 360, 2010) | Elden Ring — 96 (PS5/PC/Xbox, 2022) |
| 5º | Divinity: Original Sin II — 93 (PC, 2017) | The Legend of Zelda: Twilight Princess — 96 (GC/Wii, 2006) |
| 6º | The Witcher 3: Wild Hunt — 92 (PC/PS4/XBO, 2015) | Diablo — 94 (PC, 1996) |
| 7º | Chrono Trigger — 92 (SNES, 1995) | Dark Souls — 89/90 (PS3/X360, 2011) |
| 8º | Chrono Cross — 94 (PS1, 1999) | Bloodborne — 92 (PS4, 2015) |
| 9º | Final Fantasy IX — 94 (PS1, 2000) | Hades — 93 (PC/Switch/PS, 2020) |
| 10º | Final Fantasy VII — 92 (PS1, 1997) | Hades II — 95 (PC, 2024 — EA) |
No fim, o melhor RPG é o que habita o seu coração
Listas ajudam a organizar conversas, mas ninguém joga só com base em nota. Cada pessoa descobre seus jogos preferidos por motivos diferentes: nostalgia, dificuldade, história, música, aquela fase específica da vida em que um título marcou mais do que deveria. É por isso que rankings existem menos para definir consenso e mais para provocar discussão.
Agora é a sua vez:
- Qual jogo ficou de fora?
- Qual deveria estar no topo?
- Qual posição você achou um absurdo?
O campo de comentários está aí justamente para isso: podem começar a brigar com calma.
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