
A Square Enix confirmou uma nova rodada de demissões em larga escala em suas operações no Ocidente.
Segundo informações do site VGC, o presidente Takashi Kiryu anunciou a medida em uma videoconferência realizada na última quinta-feira (6), informando que a companhia está passando por uma “reforma estrutural internacional” com o objetivo de tornar sua atuação fora do Japão mais enxuta e ágil.
Os cortes atingem “quase todas as áreas” das unidades da Europa e da América do Norte, incluindo TI, marketing, controle de qualidade (QA), planejamento, vendas e publicações.
Fontes internas de um documento oficial relatam que cerca de 140 funcionários foram avisados de que seus cargos estão em risco apenas no escritório de Londres.
Além das demissões, a empresa informou que os profissionais remanescentes terão maior exigência de trabalho presencial, parte do novo modelo organizacional desenhado pela diretoria.

Custos sob controle e foco em eficiência
De acordo com o comunicado, a meta da Square Enix é economizar até 3 bilhões de ienes por ano, o equivalente a cerca de US$ 19,6 milhões, como parte da reestruturação de suas operações ocidentais.
A companhia pretende reorganizar sua estrutura de publicação internacional, cujo plano detalhado será apresentado internamente nas próximas semanas.
É a segunda onda de demissões consecutiva envolvendo as filiais da empresa fora do Japão. A primeira ocorreu em 2023, mas, segundo Kiryu, o modelo adotado naquela ocasião “não trouxe os resultados esperados”, o que levou a direção a adotar uma abordagem mais drástica em 2025.
Precisamos de uma estrutura internacional mais flexível, com equipes focadas em inovação e eficiência operacional
Takashi Kiryu, presidente da Square Enix
Plano oficial confirma fechamento de estúdios e automação em larga escala
O relatório corporativo “Progress Report on the Medium-Term Business Plan”, publicado pela Square Enix em 6 de novembro de 2025, detalha pela primeira vez o alcance real das mudanças em curso.

O documento confirma que a companhia está executando uma reestruturação global profunda, com foco em centralizar operações no Japão e adotar automação massiva nos processos de desenvolvimento.
De acordo com o plano, a empresa pretende automatizar até 70% das tarefas de controle de qualidade (QA) e depuração até o fim de 2027, por meio do projeto “Joint Development of Game QA Automation Technology Using Generative AI”.

O programa, conduzido em parceria com o Laboratório Matsuo-Iwasawa da Universidade de Tóquio, já reúne mais de dez engenheiros e pesquisadores dedicados à criação de algoritmos generativos para testes de jogos.
O relatório também menciona o fechamento de estúdios de desenvolvimento internacionais e a transferência de parte das funções para o Japão, com o objetivo de unificar a gestão de propriedade intelectual e otimizar recursos.
A medida, segundo a empresa, busca criar equipes mais ágeis e multifuncionais, reduzir custos administrativos e aumentar a eficiência operacional.

Mais um ponto relevante é a reestruturação completa da área de publicação ocidental, que passará de 11 divisões para apenas 4. A nova estrutura será liderada por um Chief Marketing Officer global (CMO), responsável por integrar dados, marketing e estratégia comercial sob uma visão unificada e orientada por métricas.
O foco agora é construir um modelo sustentável de longo prazo, com equipes mais eficientes e uso estratégico de IA para acelerar o desenvolvimento
IA assumirá controle de qualidade até 2027
As mudanças vêm acompanhadas de uma nova diretriz tecnológica. No mesmo dia do anúncio das demissões, a empresa confirmou sua intenção de substituir grande parte do trabalho de QA por inteligência artificial generativa nos próximos dois anos.
O objetivo é automatizar até 70% do controle de qualidade de seus jogos até 2027, conforme o plano corporativo chamado “Square Enix Reboots and Awakens”. A estratégia visaria modernizar o processo de desenvolvimento e reduzir a dependência de equipes humanas em etapas de testes e depuração.
Para viabilizar o projeto, a Square Enix fechou parceria com o Laboratório Matsuo-Iwasawa da Universidade de Tóquio, em um programa chamado “Desenvolvimento Conjunto de Tecnologia de Automação de Controle de Qualidade de Jogos Usando IA Generativa”.

Especialistas veem risco à criatividade
Apesar do discurso de modernização, a adoção da IA em áreas sensíveis do desenvolvimento preocupa parte do setor. Em entrevista recente ao site Automaton, Motoi Okamoto, produtor da série Silent Hill, alertou que “a IA pode executar tarefas complexas, mas não substitui decisões criativas que definem um jogo memorável”.
A Square Enix, no entanto, afirma que o uso da tecnologia não eliminará a necessidade de trabalho humano em etapas críticas, e que a supervisão criativa continuará sob equipes especializadas.

Empresa busca estabilidade e novos caminhos
A nova rodada de cortes ocorre poucos meses após uma reorganização estratégica em maio de 2025, quando a companhia apresentou um plano baseado em quatro pilares:
- Otimização do desenvolvimento de entretenimento digital
- Fortalecimento do relacionamento com o público global
- Equilíbrio entre retorno aos acionistas e investimento em crescimento
- Transição para uma estratégia multiplataforma
O último ponto representa uma das mudanças mais marcantes na filosofia da empresa. A Square Enix tem reduzido exclusividades e ampliado o alcance de suas principais franquias, como Final Fantasy VII Remake, que já aparece em diferentes plataformas.

Além disso, a editora cancelou projetos considerados de baixo retorno e adotou o lema de “mudar de quantidade para qualidade”, concentrando esforços em títulos de maior impacto comercial e crítico.
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Novo jogo corporativo
As decisões da Square Enix sinalizam um reposicionamento dramaticamente profundo, que tenta equilibrar cortes de custos e inovação em meio à pressão por resultados.
Ao apostar em inteligência artificial para substituir processos humanos, a empresa assume um risco: a eficiência pode aumentar, mas o desafio será manter a identidade criativa que a consagrou em décadas de história.
Se bem-sucedida, a iniciativa pode redefinir o padrão de produção de jogos no Japão e no Ocidente. Caso contrário, pode transformar a publisher em um alerta para toda a indústria sobre os limites da automação criativa.
Fonte: Square Enix
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