TecToy tentou convencer a SEGA a fazer um portátil estilo Game Boy

A empresa brasileira TecToy é famosa pela parceria que teve com a SEGA para distribuição de seus consoles e games no Brasil do final dos anos 80 até os anos 90. Durante o período, a companhia nacional era chefiada por Stefano Arnhold, que agora conta uma história de como quase emplacou um novo portátil com a empresa japonesa para competir com o Game Boy da Nintendo na época.

O relato de Arnhold veio como parte de sua extensa entrevista para a Time Extension, onde o ex-executivo conta toda a história da relação entre TecToy e SEGA. É um marco importantíssimo da evolução dos videogames no Brasil, e está disponível na íntegra neste link.

Falando especificamente do portátil, Arnhold relembra do sucesso massivo do Game Boy, que chegou a alcançar 120 milhões de unidades vendidas ao longo de sua existência. A SEGA já tinha um portátil para competir, o Game Gear, que não vendeu nem um décimo de unidades do rival, chegando a 10,62 milhões.

“O Game Boy era imenso, e a SEGA naquela época tinha o Game Gear, que comia tipo, não sei quantas pilhas, mas ainda era um produto fantástico”, disse o ex-líder da TecToy.

Projeto de portátil da TecToy tinha um pouco de engenharia local

Um dos grandes motivos para o Game Gear comer tanta bateria era que o portátil oferecia uma tela colorida e iluminada. Arnhold acreditava, então, que fazer um dispositivo com tela monocromática como o Game Boy seria o caminho.

“Então nós acreditávamos que o produto era fantástico, mas sabíamos que ele nunca alcançaria os milhões que o Game Boy tinha, especialmente no Brasil”, explica o executivo. “Então encontramos uma companhia em Taiwan – não me lembro o nome – que tinha esse produto que eles estavam interessados em vender. O produto deles era ok, mas eu fui até meu chefe de engenharia, Roberto, e disse ‘o áudio é ruim, você pode consertar?’ E ele disse, ‘claro, sem problemas, mas vai custar um pouco.”

Nas projeções de Arnhold, bastava vender meio milhão de unidades para cobrir os custos iniciais dessa engenharia extra. Então ele seguiu com o projeto para a Tiger Electronics, dos EUA, e eles se interessaram em produzir o console, que rodaria jogos da SEGA.

Executivo brasileiro achava o portátil infalível, mas SEGA disse não

O portátil parecia encaminhado de acordo com a história do líder da TecToy, e a ideia era realmente ter um produto bem parecido com o Game Boy. “Se você colocasse ele lado a lado com um Game Boy, seria, vamos dizer, tipo Game Boy, mas com nossos jogos: Altered Beast, Golden Axe, Afterburner, Sonic e toda a biblioteca, sabe? Eu acho que seria um enorme sucesso. Na minha opinião, não tinha chances de falhar.”

A SEGA, entretanto, não compartilhou da mesma opinião. “Eles me disseram ‘de jeito nenhum’, e dessa vez disseram de maneira enfática, então eu sabia que não poderia fazer. Eles disseram ‘não, a SEGA nunca terá um portátil monocromático.”

Leia mais:

• Zeenix é a volta da TecToy ao mercado Latam de games
• Novos jogos de NES e Game Boy chegando ao Nintendo Classics
• SEGA admite que estratégia de “edições definitivas” pode ter atrapalhado vendas iniciais de jogos

A resposta da SEGA foi tão decisiva que Arnhold se preocupou em nunca deixar nada sobre o portátil vazar, e não sobrou nada do projeto. “Nós não queríamos que isso vazasse porque, depois de muitos, muitos anos de uma relação excelente com a SEGA, sabíamos exatamente quando podíamos avançar com algo assim e quando não podíamos.”

Via: Time Extension