
A expressão “PC da NASA” virou sinônimo de computador absurdamente potente, capaz de rodar qualquer jogo ou software pesado sem esforço. É comum ouvir alguém dizer que “só um PC da NASA roda isso”, mas a verdade é que a agência espacial americana não usa computadores comuns e o que o público chama de “PC da NASA” está muito distante da realidade.
Enquanto na internet o termo virou gíria para máquinas gamers caríssimas e superpersonalizadas, os verdadeiros sistemas da NASA são supercomputadores, instalados em centros de pesquisa dedicados e usados para simulações científicas, cálculos de órbita, previsões climáticas e desenvolvimento de tecnologia espacial.
O que há dentro de um supercomputador da NASA
A NASA mantém duas grandes instalações de computação de alto desempenho: o NASA Advanced Supercomputing (NAS) Facility, localizado no Ames Research Center, e o NASA Center for Climate Simulation (NCCS), em Greenbelt, Maryland.
Nesses locais estão máquinas que somam milhões de núcleos de processamento e capacidade de armazenamento na casa dos petabytes.
Entre os principais sistemas estão o Pleiades, o Aitken, o Electra, o Discover e o mais recente Cabeus, que combina CPUs e GPUs de última geração. O Pleiades, por exemplo, possui mais de 228 mil núcleos de processamento, quase 1 PetaByte de memória RAM e desempenho de 7 petaflops, ou seja, cerca de sete quatrilhões de cálculos por segundo.

Já o Aitken, usado para testes de voo e modelagem aerodinâmica, chega a 15,6 petaflops de desempenho teórico, distribuídos em mais de 370 mil núcleos.
Os sistemas estão interligados por redes InfiniBand e Ethernet de altíssima velocidade, somando mais de 90 petabytes de armazenamento online e mais de 1 ExaByte de capacidade arquivada.
É um ecossistema de computação desenhado para processar quantidades imensas de dados que seriam impossíveis de lidar em qualquer computador doméstico.
Esses supercomputadores são fundamentais para prever trajetórias, simular o clima de Marte e até projetar foguetes mais eficientes. Cada byte processado ajuda a reduzir riscos e aumentar a precisão das missões espaciais
Time do High-End Computing Capability (HECC) da NASA
Comparativo simples do “PC da NASA” gamer vs supercomputador real da NASA
| Especificação | “PC da NASA” gamer (alto desempenho) | Supercomputador Cabeus (NASA) |
|---|---|---|
| Tipo de sistema | PC doméstico customizado | Cluster científico de HPC |
| Custo estimado | US$ 5.000 (≈ R$ 28 mil) | Mais de US$ 50 milhões |
| Processador (CPU) | AMD Ryzen 9 9950X / Intel Core i9-14900K (até 5,6 GHz, 16 núcleos) | 25.200 núcleos AMD EPYC Rome (2,0–2,25 GHz) |
| Placa de vídeo (GPU) | NVIDIA GeForce RTX 5090 (32 GB GDDR6X) | 2.956.800 núcleos GPU NVIDIA A100/H100 (96 GB HBM3 cada) |
| Memória RAM | 64 a 128 GB DDR5 | 206 TB de memória total (CPU + GPU) |
| Armazenamento | SSD NVMe de 2 a 4 TB | 75 TB de armazenamento rápido + rede de 1 exabyte |
| Desempenho teórico | ~0,1 petaflop | 20,67 petaflops (≈ 200x mais potente) |
| Sistema operacional | Windows 11 ou Linux desktop | Linux científico otimizado (NAS/NCCS) |
| Uso principal | Jogos, renderização e IA local | Simulações espaciais, clima e engenharia aeroespacial |
| Local de operação | Em casa ou escritório | Data Centers da NASA com refrigeração líquida e energia dedicada |
O que os supercomputadores realmente fazem?
Os computadores da NASA são usados para simulações complexas e missões críticas. Entre as aplicações mais conhecidas estão:
- Análises climáticas globais, como o projeto ECCO2, que estuda a circulação dos oceanos e o impacto do aquecimento global.
- Simulações de voos e aeronaves, desenvolvendo modelos que reduzem o ruído e melhoram a eficiência de aviões.
- Cálculos orbitais e dinâmicos, que preveem rotas seguras para missões espaciais tripuladas e robóticas.
- Astrofísica e cosmologia, com simulações de formação de galáxias, matéria escura e detecção de exoplanetas.
As tarefas exigem bilhões de operações por segundo, o que explica por que a NASA investe em clusters modulares, processadores de ponta e GPUs científicas como as NVIDIA A100 e H100, integradas a sistemas híbridos de última geração.

E o famoso “PC da NASA” gamer?
O termo “PC da NASA”, popular na internet, se refere a computadores pessoais de altíssimo desempenho, montados com componentes topo de linha como placas RTX 5090, processadores Ryzen 9 ou Intel Core i9, e até 128 GB de RAM DDR5.
Um computador desse nível pode custar entre US$ 3 mil e US$ 5 mil (aproximadamente R$ 17 mil a R$ 28 mil), e é projetado para uso doméstico em jogos, modelagem 3D ou inteligência artificial.
Ainda que sejam extremamente rápidos, não chegam nem perto do poder de um supercomputador da NASA, cujo custo pode ultrapassar dezenas de milhões de dólares apenas em hardware.
Um “PC da NASA gamer” é, portanto, um apelido para máquinas de elite construídas por entusiastas, e não um produto oficial ou semelhante ao que a agência espacial usa em suas missões.
O que diferencia um supercomputador de um PC?
A principal diferença está na escala e no propósito. Um computador doméstico, mesmo o mais caro, é projetado para uso individual. Já um supercomputador como o Pleiades ou o Cabeus funciona como um enorme conjunto de milhares de máquinas trabalhando em paralelo, cada uma dedicada a uma parte de um cálculo.
Tais sistemas exigem infraestrutura de resfriamento industrial, fornecimento elétrico dedicado e redes de alta largura de banda.
Além disso, a maioria roda versões especializadas de Linux otimizadas para tarefas científicas, enquanto um PC comum roda Windows ou distribuições padrão.
Onde a NASA se posiciona entre os gigantes da computação
Mesmo com todo o seu poder, os supercomputadores da NASA não estão entre os mais rápidos do mundo em desempenho bruto. Isso acontece porque a agência prioriza estabilidade, precisão científica e disponibilidade constante, e não apenas recordes de velocidade.
Os rankings internacionais, como o TOP500, reúnem as máquinas mais potentes do planeta, classificadas pela quantidade de cálculos que conseguem realizar por segundo. A lista muda a cada atualização semestral, à medida que universidades, governos e empresas privadas inauguram novas gerações de supercomputadores.
Embora sistemas como o Frontier, do Laboratório Oak Ridge, ou o Aurora, do Argonne National Laboratory, ultrapassem a marca de um quintilhão de operações por segundo (1 exaflop), a NASA opera equipamentos projetados sob outro critério: confiabilidade e precisão em simulações críticas, como o comportamento da atmosfera terrestre, a dinâmica de fluidos em foguetes e o estudo de exoplanetas.
Essas máquinas precisam funcionar por longos períodos, executando milhões de tarefas simultâneas sem falhas, o que exige uma arquitetura equilibrada entre velocidade, memória e eficiência energética.

Supercomputadores mais potentes do mundo vs supercomputadores da NASA
| Posição global | Nome do supercomputador | País / Instituição | Desempenho LINPACK (Rmax) | Núcleos de processamento | Observações principais |
|---|---|---|---|---|---|
| 1º | El Capitan | EUA – Lawrence Livermore National Laboratory | 1.742 petaflops (1,742 exaflops) | 11 milhões + | Sistema mais potente do mundo, usado em simulações nucleares e de energia avançada. |
| 2º | Frontier | EUA – Oak Ridge National Laboratory | 1.353 petaflops | 8,7 milhões | Primeiro supercomputador exascale operacional, usado em pesquisas de energia, clima e IA. |
| 3º | Aurora | EUA – Argonne National Laboratory | 1.012 petaflops | 9,2 milhões | Voltado a IA e aprendizado de máquina em larga escala. |
| 4º | JUPITER Booster | Alemanha – EuroHPC Joint Undertaking | 793 petaflops | 7,5 milhões + | Principal sistema europeu, foca em sustentabilidade e modelagem climática. |
| 5º | Eagle | EUA – Microsoft Azure Cloud HPC | 561 petaflops | 8,8 milhões | Sistema em nuvem usado em pesquisas e IA distribuída. |
| — | Cabeus (NASA) | EUA – NASA Ames Research Center | 20,6 petaflops | 25 mil núcleos CPU + 2,9 milhões núcleos GPU | Mistura de CPUs AMD EPYC e GPUs NVIDIA A100/H100; usado em simulações aeroespaciais e IA científica. |
| — | Aitken (NASA) | EUA – NASA Ames Research Center | 15,6 petaflops | 373 mil | Focado em modelagem de voo, dinâmica de fluidos e missões lunares. |
| — | Electra (NASA) | EUA – NASA Ames Research Center | 8,3 petaflops | 124 mil | Sistema modular otimizado para eficiência energética e análises atmosféricas. |
| — | Discover (NASA) | EUA – NASA Goddard Space Flight Center | 7,6 petaflops | 213 mil | Especializado em simulações climáticas e modelagem terrestre. |
| — | Pleiades (NASA) | EUA – NASA Ames Research Center | 7,0 petaflops | 228 mil | Um dos supercomputadores mais longevos da NASA, usado em cálculos orbitais e missões espaciais. |
O verdadeiro poder está nos números
Para ter uma ideia da diferença, um PC gamer com RTX 4090 alcança cerca de 0,1 petaflop de desempenho teórico. O supercomputador Cabeus, com GPUs A100 e H100, ultrapassa 20 petaflops combinados, ou seja, 200 vezes mais desempenho — e isso considerando apenas uma das várias máquinas em operação na NASA.
Assim, os números ilustram por que as comparações entre PCs domésticos e os sistemas da NASA são apenas uma hipérbole da cultura gamer, divertida, mas distante da realidade técnica.
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O mito explicado
O “PC da NASA” virou meme, expressão e símbolo de desempenho extremo, mas não existe um único computador que carregue esse título oficialmente. O que existe são dezenas de supercomputadores interligados, cada um voltado para um tipo de missão científica.
Enquanto isso, os “PCs da NASA” da internet continuam sendo montagens potentes e personalizadas, criadas por quem busca o máximo desempenho dentro do universo doméstico.
Ambos representam o mesmo espírito de curiosidade e busca por performance: um na exploração do espaço, o outro nos limites da tecnologia pessoal.
Fonte: NASA
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