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SSDs e memórias DRAM fabricadas no Brasil: visitamos a fábrica da ADATA no interior de SP

Sede brasileira de uma das maiores fabricantes de SSDs e memórias DRAM do mundo é estratégica, e está localizada em Santo Antônio de Posse, no interior de São Paulo.

Fábrica ADATA
Créditos: Montagem com imagens de ADATA

Se você utiliza SSDs ou memórias DRAM da ADATA ou XPG no seu computador, existe uma grande chance de que elas tenham sido fabricadas aqui no Brasil.

A empresa taiwanesa ADATA é uma das maiores fabricantes de memórias DRAM e SSDs do mundo e uma parcela significativa dessa produção é feita na cidade de Santo Antônio de Posse, a cerca de 140 km de São Paulo. As instalações fazem parte de um moderno condomínio logístico no Km 142 da Rodovia SP-340.

A convite da ADATA, tivemos a oportunidade de visitar a fábrica de semicondutores da empresa no interior paulista e conhecer de perto as máquinas responsáveis por transformar wafers de silício em componentes que chegam às mãos dos consumidores.

Infelizmente, por razões comerciais e de segurança, não é permitido filmar o ambiente de produção, mas em nossa visita por ambientes controlados, pudemos registrar algumas imagens, além de conversar com especialistas e executivos de diversas áreas da empresa.

Sede da ADATA em Santo Antônio de Posse. Imagem: Divulgação/ADATA.

O polo de inovação da ADATA no Brasil

A visita à fábrica da ADATA no Brasil nos permitiu mergulhar nos bastidores da fabricação de semicondutores e módulos de memória.

Com sede em Taiwan e fundada em 2001, a ADATA é hoje uma das maiores fabricantes mundiais de memória DRAM e SSD, figurando entre as três maiores do mundo nesse segmento.

No Brasil, a empresa iniciou suas operações em 2017 e atualmente gera mais de 540 empregos diretos. A ADATA concentra seus investimentos na melhoria de processos orientados pela Indústria 4.0, com projetos de automação, visão computacional e inteligência artificial, além de incorporar tecnologias de ponta em novos produtos em sua fábrica de semicondutores.

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A unidade brasileira da ADATA é particularmente estratégica, sendo a única no mundo responsável pelo encapsulamento de circuitos integrados de memória a partir de chips importados na forma de wafers de silício.

Para se ter uma ideia, a empresa prevê um investimento de mais de R$ 400 milhões em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I) nos próximos cinco anos, com base nas regras atualizadas do PADIS, somando-se aos mais de R$ 125 milhões já investidos nos últimos anos.

Fábrica ADATA
Eu devidamente paramentado para entrar na fábrica. Imagem: Divulgação/ADATA.

A experiência imersiva na fábrica de semicondutores

A moderna fábrica de semicondutores da ADATA está localizada em Santo Antônio de Posse (SP). As instalações ocupam uma área de 3.000 m² de salas limpas. Essas salas, classificadas como Classe 1K (2.000 m²) e Classe 10K (1.000 m²), são ambientes de altíssimo padrão com controle automático de temperatura, umidade e pressão do ar, essenciais para a delicadeza dos semicondutores.

A empresa, inclusive, chegou a receber prêmios pela qualidade de suas instalações e dimensões. A proteção eletrostática é rigorosa, e até mesmo as vestimentas especiais dos operadores têm essa finalidade dupla, protegendo os componentes de danos que podem afetar a confiabilidade.

Área interna da fábrica da ADATA. Imagem: Divulgação/ADATA.

Dentro dessas salas, pudemos observar as complexas etapas do encapsulamento de circuitos integrados:

Processamento do wafer

A ADATA recebe os wafers de silício e realiza todo o processamento industrial, que inclui afinar, serrar e individualizar os chips.

Montagem e conexões

Cada chip é montado no lugar certo, sobre um substrato. As conexões elétricas internas são feitas com fios de ouro extremamente finos, de apenas 18 mícrons de espessura (como referência, um fio de cabelo tem cerca de 60 mícrons). Máquinas automáticas com tecnologia de ultrassom instalam e soldam esses fios em alta velocidade.

Para memórias DDR5, a tecnologia é diferente, utilizando o processo flip-chip, onde o wafer já vem com bumps na parte inferior, exigindo uma máquina de aplicação com precisão incrível de 2,5 ou 5 mícrons.

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Moldagem e proteção

Uma aplicação de epóxi molda e protege toda a estrutura, dando a cor preta característica do circuito integrado.

Aplicação de esferas

Na última etapa de montagem, esferas são aplicadas na parte inferior para fazer o contato elétrico do componente com a placa-mãe.

Na fábrica de semicondutores, são encapsulados circuitos integrados de chip único, bem como duplos, quádruplos e até óctuplos, empilhados dentro de um único circuito integrado, o que demonstra a capacidade de alta densidade.

Maquinário de fabricação em ação. Imagem: Divulgação/ADATA.

Expansão em Manaus e foco em P&D

Além de Santo Antônio de Posse, a ADATA inaugurou em 2021 sua terceira unidade fabril no Brasil, em Manaus (AM), para montagem de módulos de memória RAM e SSD.

A fábrica no Norte se destaca por seus excelentes controles de temperatura e umidade, assegurando a excelência nos processos de montagem SMT (Surface Mount Technology) e de testes paramétricos e funcionais.

A unidade de Manaus é elogiada por sua beleza, organização e automações personalizadas, que minimizam o manuseio humano, como a utilização de robôs para testar SSDs, garantindo um controle de qualidade superior.

Área de testes paramétricos. Imagem: Divulgação/ADATA.

A ADATA colabora ainda ativamente em P&D com Institutos de Ciência e Tecnologia em Campinas (como Venturus, Eldorado, Tecthus e HwIT) e na região de Manaus (Conecthus, INDT, ITEGAM), além de ter projetos em universidades públicas, como a Universidade Estadual do Amazonas e o Instituto Federal do Amazonas.

O presidente da ADATA no Brasil, Paulo Junior, enfatiza que os investimentos em P&D visam “criar soluções que não apenas acompanham as tendências do mercado, mas que antecipam as necessidades dos usuários”, unindo tecnologia de ponta, estética funcional e alto desempenho. Isso resultou em produtos como circuitos integrados de memória DDR5, flash e LPDDRx.

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Testes de qualidade rigorosos em cada produto

Depois que o produto está pronto, ele passa por outra área essencial da fábrica em Santo Antônio de Posse: a seção de testes. Com 1.000 m², é nesse espaço que são realizados testes paramétricos e funcionais em 100% dos circuitos integrados produzidos. Isso inclui testes em alta e baixa temperatura e ensaios de confiabilidade como o “burn-in”.

Sala limpa classe 1K. Imagem: Divulgação/ADATA.

O burn-in é um ensaio de confiabilidade cujo objetivo é criar um estresse controlado para simular a aceleração do uso do produto em vida normal. Isso permite que qualquer falha relacionada à “mortalidade infantil” do componente aconteça internamente, durante os testes da ADATA, e não precocemente na casa do cliente.

Esse processo, que envolve milhões de dólares em equipamentos, é onde reside grande parte da inteligência e do investimento no semicondutor. Para se ter uma ideia, algumas máquinas chegam a custar mais de US$ 30 mil (o equivalente a R$ 160 mil) – e pudemos contar mais de uma dezena delas espalhadas pelo espaço.

Certificações de sustentabilidade e reconhecimento

As instalações da ADATA no Brasil receberam diversas certificações de sustentabilidade e reconhecimento, como as certificações ISO 9001, ISO 14001, ISO 14064, ISO 45001, o selo ouro do programa GHG Protocol e segue o código de conduta RBA. Desde 2022, a ADATA Brasil possui a certificação e o selo Great Place to Work (GPTW), refletindo um compromisso com o bem-estar dos funcionários e a responsabilidade social corporativa.

Em 2024, a ADATA adotou a filosofia “renovar hoje, abraçar amanhã”, promovendo a sustentabilidade ambiental. A conquista do certificado de Operador Econômico Autorizado (OEA) em 2024 otimiza seus processos de importação e exportação, aumentando a eficiência logística e a continuidade de suprimentos.

Mesmo para nós que acompanhamos mais de perto o dia a dia do mundo da tecnologia, não deixa de ser surpreendente de forma positiva o fato de que uma empresa estrangeira de semicondutores opere com fabricação, mão de obra qualificada e alto índice de investimento no Brasil.

De certa forma, esse acaba sendo um diferencial da ADATA no mercado brasileiro, uma vez que uma parcela significativa das companhias que operam no país com memórias DRAM e SSDs o fazem com itens importados. O fato de toda a operação aqui facilita a interação entre os diferentes canais, incluindo lojistas e distribuidores, além de simplificar o acesso dos consumidores à assistência técnica e suporte.

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