
As placas de vídeo da nova geração chegaram com um preço salgado, especialmente quando comparávamos com a geração anterior. Isso era visível em análises como a da RTX 5070, que ganhou o título nem um pouco empolgante: “EVOLUINDO PRA TRÁS: análise da Nvidia GeForce RTX 5070”.
O motivo era simples: com quase a mesma performance que a RTX 4070 Super, essa placa chegou custando sensivelmente acima do que sua antecessora custava meses atrás. É só ver onde estava a RTX 4070 Super nesse gráfico, e aí adicionar a RTX 5070.
Mas, depois da subida, temos a descida. Sim, os preços melhoram. Vamos analisar o quanto o preço da nova geração de placas de vídeo recuou desde seu lançamento, além de explicar quais são os fatores que influenciam nos números que aparecem na tela do seu computador, quando você tá pesquisando sua próxima placa de vídeo.
Os preços
Montamos um gráfico com a nova geração de placas de vídeo, colocando seus valores de março para cá, e a tendência é evidente: praticamente todas ficaram mais baratas ao longo deste período. Pode brincar com o gráfico abaixo para ver o comportamento de cada uma delas.
Vamos deixar mais clara essa tendência nesse gráfico aqui. Vamos comparar os valores mais altos cobrados em cada uma dessas placas versus o valores médios e mínimos dos últimos 30 dias. Para os valores mais altos, vamos usar o 95% percentil.
O objetivo é limpar aqueles 5% absurdos que aparecem ao longo da amostragem, seja por produtos cadastrados errados, seja porque um modelo ficou completamente desabastecido do mercado e só tinha uma peça disponível por um valor exorbitante.
Então se levamos em consideração o melhor preço que foi praticado versus os piores, tem várias placas que já caíram um terço de seu preço, como a RTX 9070 XT e a RTX 5090.
E até quando somos mais conservadores, e comparamos o preço máximo versus o preço médio atual deste mês, a diferença ainda é representativa, com vários produtos com redução de mais de 10% de seu custo, e destaques como a RTX 5070 já na casa dos 17% de redução.
Seu preço médio está em R$ 4.500, e o menor preço registrado já encaixa nos R$ 4.000, o que faz ela custar quase o mesmo que a RTX 4070 Super na metade do ano passado. Faz sentido, ela não dá quase nada a mais de performance, só adiciona algumas tecnologias comparada a antecessora, então um preço ao menos mais próximo é algo mais justo.
As placas com menor recuo no preço acabam sendo as que estão a menos tempo no mercado, caso das RTX 5060 e RX 9060 XT. As Intel ARC B570 também não recuou muito, o que é uma pena, ela faria um estrago no segmento da RX 7600 se fosse um pouquinho mais barata.
Mas o que causou essa variação de preço? Tem muito mais fatores do que você talvez imagine. Vou os mais relevantes, e destacar os mais relevantes para esse processo de redução que estamos vendo. Mas pra entender esse processo, temos que primeiro entender de onde é decidido os preços.
O preço sugerido
As placas de vídeo tem um preço sugerido pelas fabricantes dos chips gráficos, a Nvidia, a AMD e a Intel, que são a referência para o custo esperado para o consumidor final do produto.
Normalmente, vemos as placas mais básicas custando essencialmente o preço sugerido, e modelos mais avançados, com projetos mais robustos criados por marcas como MSI, ASUS, Gigabyte e outras, adicionando um custo extra, para esses produtos premium.
Mas Nvidia, AMD e Intel não conseguem simplesmente dizer quanto as placas devem custar, já que as fabricantes, distribuidoras e varejistas tem liberdade para praticar preços livremente. Pressões atípicas de mercado podem mexer bastante nesses custos, e a pandemia foi um excelente exemplo disso, onde o preço sugerido virou uma lenda, frente ao desabastecimento de chips global que fez o preço de tudo disparar.
Mas passada a pandemia de SARS-COV-2, a série RTX 50 também foi duramente criticada, e segue sendo criticada, no exterior, porque as placas de vídeo são raramente encontradas pelo preço sugerido por Nvidia e AMD. São poucos modelos no MSRP, sigla para o preço sugerido em inglês, e os que existem desaparecem quase instantaneamente.

O canal Gamer Nexus, por exemplo, levantou o preço das placas à venda e descobriu que múltiplos modelos não tem nenhuma placa no preço sugerido pelas fabricantes. Das 13 placas da atual geração de GeForces, Radeons e ARCs, só 5 possuíam ao menos um produto em estoque, pronto para compra, pelo MSRP.
No Brasil a realidade é outra. A AMD Brasil não definiu preços sugeridos para sua linha Radeon, enquanto a Nvidia sim passou valores para vários de seus lançamentos. A estratégia do braço nacional da Nvidia parece ter sido conservadora, e o resultado é que boa parte do tempo é possível achar placas no preço sugerido.
A RTX 5060 Ti e RTX 5060, por exemplo, tiveram os seguintes preços sugeridos anunciados pela Nvidia Brasil:
- GeForce RTX 5060 Ti 16GB – R$ 4.099
- GeForce RTX 5060Ti 8GB – R$ 3.599
- GeForce RTX 5060 8 GB – R$ 2.849
Se você jogar esses modelos no gráfico abaixo, vai perceber que depois de alguns dias do lançamento, já é possível ver a constância de placas disponíveis ou no preço sugerido, ou abaixo dele.
Mas se o preço sugerido é só um referencial, o que puxa os preços pra cima no lançamento, e depois pra baixo? Vamos listar os principais fatores, e como eles estão agindo no processo de redução dos preços atual.
O que puxa preços para cima
Pra entender como uma placa de vídeo tem seu preço para o consumidor final, é preciso entender como é a cadeia de ações que trazem ela para o Brasil. Existe uma série de fatores e riscos envolvidos, e eles pesam diferente no custo das placas de vídeo no seu lançamento e nos meses seguintes.
O primeiro fator é o transporte. As placas de vídeo são produzidas na Ásia, em sua esmagadora maioria. Trazer através de barcos é o jeito mais barato, porém é lento, levando dois meses o transporte.
Para ter o produto a tempo para os varejistas venderem no lançamento, as unidades iniciais precisam usar o transporte aéreo, mais rápido e mais caro. Devido ao porte das placas de vídeo, elas ainda por cima são ainda mais afetadas por esse fator, comparado com processadores, mais pequeninos, por exemplo.
O segundo fator é disponibilidade de produtos. Com menos placas, e estoques ainda se formando, unido ao pico de interesse que um lançamento de um novo produto causa, temos a lógica de mercado entrando em ação. Alta demanda e baixa disponibilidade impulsionam os preços para cima.
Nesse momento, as fabricantes então optam por focar em seus produtos mais incrementados, com maiores margens de lucro, afinal é a coisa mais lógica a se fazer. Isso faz com que as placas disponíveis acabem sendo apenas as mais caras, com projetos robustos e overclock de fábrica, por exemplo.

O terceiro fator é o risco de flutuações do dólar. Entre encomendar o produto e ter ele para a venda, algo que gira em torno de duas semanas, fabricantes, distribuidores e lojistas tem que lidar com a variação do valor da moeda brasileira frente ao dólar. Se as moedas variarem de forma excessivamente desvantajosa, o negócio pode virar prejuízo.
Para se protegerem desse risco, há uma margem de segurança adicionada para proteger o investimento. Antes do lançamento não há como reajustar os preços, então ela acaba se fazendo necessária. Com as placa no mercado, e a disponibilidade de produtos aumentando, o ajuste desse risco dólar fica mais fino e com margens menores.
Existe um quarto fator que é o rebate. Rebate, em português, pode ser traduzido como desconto. Ele é um recurso do pessoal de vendas para afinar o relacionamento entre fabricantes dos chips, fabricantes das placas, distribuidores e varejistas, oferecendo um valor para tornar o negócio mais atrativo para os participantes.
Então se uma nova remessa de placas chega com preço mais barato, o rebate pode ser aplicado na primeira leva de placas para evitar que elas fiquem encalhadas com um preço mais alto, e a varejista tenha que arcar com o prejuízo dessa mudança de preços.

No caso da RX 9070 XT isso parece ter sido muito relevante. A AMD e suas parceiras trabalharam aparentemente com um valor de venda mais alto durante a fase inicial de envios de produtos aos varejistas. Quando foi anunciada ao púbilco, a placa chegou por um preço mais competitivo, e o rebate foi importante para compensar todos que haviam comprado a placa nesse período pré-lançamento, com a expectativa de um preço pra consumidor final maior.
Tem um quinto fator, com cara bem brasileira. O processo de nacionalização do produto, no processo de alfândega, pode virar outro fator que aumenta a demora para a chegada das placas e pode afetar o preço de alguns dos produtos.
Para piorar, quando esse processo demora muito, ele gera custos, já que é preciso pagar a armazenagem dessas placas enquanto aguarda a finalização da parte burocrática. Todas as nossas análises da série RTX 50 foram impactadas pelo travamento no processo de importação, então esse fator também pode ter contribuído para o custo adicional no começo dessa geração.
Descendo!
A passagem do tempo acaba agindo em favor na maioria desse fatores. Com mais placas no mercado, começam a surgir mais dos modelos mais básicos, com custo mais baixo.
Essa rotatividade mais estável e maior período de produto no mercado começa a tornar viável o uso do transporte marítimo. Placas mais baratas, com margens menores mas volumes maiores, vão precisar buscar economias, e o transporte mais em conta do meio marítimo é uma delas.
Com a rotatividade de produtos acontecendo, a necessidade de margens de segurança para lidar com a flutuação do dólar reduz. Agora há um fluxo de produtos entrando e saindo, algo que antes do lançamento estava represado. Os varejistas iam adquirindo as placas, mas não tinham como mexer em preços, enquanto esperam o lançamento.
O dólar, inclusive, que é a moeda crucial para todas essa transações, vem recuando nos últimos meses, algo que também está afetando positivamente na queda dos preços. Depois de picos no final do ano passado e em março, já recuou para o valor de um ano atrás.
Quer dizer, tinha recuado, esse é um bom exemplo de como elementos podem mudar de direção de formas inesperadas. Após o anúncio de aumento de tarifas contra o Brasil, o governo americano acabou puxando o valor da moeda americana e desvalorizando o Real.

Até onde baixa?
Entramos basicamente nessa fase dos preços, e acredito que aqui vem a pergunta: até onde vai baixar? Compro agora ou espero mais?
Qualquer um cravar que sabe pra onde vão os preços é irresponsabilidade, afinal são vários fatores, e muitos bastante voláteis. O que posso trazer de referência é olhar para trás, e a RTX 5070, por exemplo, chegando aos R$ 4.000, coloca ela no patamar de preço de sua antecessora, a RTX 4070 Super, custava ano passado.

Houve um desabastecimento de produtos entre gerações, o que gerou o aumento de preço da RTX 4070 Super pra casa dos R$ 5.400, preço que foi lançada a RTX 5070. E agora parece que temos tudo isso revertido.
Então se vai cair mais, não tenho como saber, mas parece que todo o caos do desabastecimento da linha RTX 40 e preços inflados de lançamento da série RTX 50 estão passando. Não sei se apostaria pesado em quedas muito maiores daqui pra frente, ou se acontecerem, aí são outros fatores, e não mais tanto esses relacionados a transição de geração de placas de vídeo.
Mas vamos continuar de olho, então pode ter certeza que se alguma tendência relevante aparecer, vamos trazer em detalhes aqui no Adrenaline, em um artigo futuro.
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