
Palmer Luckey, o criador do Oculus Rift e atual fundador da Anduril Industries, apresentou o EagleEye, um sistema de realidade mista com inteligência artificial desenvolvido para capacetes militares.
A tecnologia foi mostrada publicamente na conferência AUSA 2025, em Washington, e promete fundir o mundo físico com informações digitais em tempo real, permitindo que soldados enxerguem ameaças e aliados com uma precisão inédita — uma experiência que muitos compararam a um “wallhack da vida real”.
O projeto simboliza o retorno de Luckey às origens da realidade imersiva, agora aplicada ao setor de defesa. Em vez de games e entretenimento, o EagleEye nasce para ampliar a percepção e a tomada de decisão de combatentes em campo, usando uma combinação de visão aumentada, sensores inteligentes e conectividade tática.
Parceria com a Meta e retomada de uma velha história
A iniciativa marca um reencontro inesperado entre Luckey e a Meta, empresa dona de Facebook, Instagram, WhatsApp e companhia que comprou a Oculus em 2014 e da qual ele foi desligado em 2017.
A parceria agora envolve desenvolvimento conjunto de tecnologias XR (realidade estendida), aproveitando bilhões em pesquisa e infraestrutura já investidos pela Big Tech em displays, waveguides e sensores ópticos.

Minha missão sempre foi transformar combatentes em tecnomantes, e os produtos que estamos construindo com a Meta fazem exatamente isso
Palmer Luckey, o criador do Oculus Rift e fundador da Anduril Industries
O comentário ecoa o tom visionário que o acompanha desde a criação do Oculus… mas, desta vez, com implicações muito mais sérias e estratégicas.
O que o EagleEye faz?
O EagleEye é apresentado como uma família modular de sistemas compatível com diferentes cenários militares. Ele inclui versões em capacete, viseira e óculos, todas baseadas no software Lattice, da Anduril, uma plataforma que conecta sensores, drones, robôs e dados de missão em uma rede descentralizada.

Entre as principais funções estão:
- Projeção de dados táticos em tempo real no campo de visão do soldado.
- Rastreamento automático de aliados e ameaças a partir de sensores térmicos, ópticos e de rádio frequência.
- Integração com armas e drones, permitindo controlar equipamentos diretamente pelo visor.
- Alertas 360º de movimentação ou perigo por meio de câmeras traseiras e laterais.
- Áudio espacial para reforçar a percepção situacional.
Segundo a Anduril, o objetivo é que cada soldado tenha uma “percepção sobre-humana” e um assistente de IA embutido, capaz de antecipar situações e sugerir ações de forma autônoma.
Como funciona o EagleEye
O EagleEye combina vários blocos tecnológicos para transformar dados brutos em informação visual no visor do soldado. Na prática, o sistema reúne sensores, processamento local, conectividade tática e uma camada de software (o Lattice) que correlaciona tudo isso e decide o que apresentar no campo de visão.


Sensores e captura de dados
O equipamento incorpora sensores ópticos (visão dia), imagens térmicas (infravermelho), câmeras com campo de visão amplo, sensores laterais e traseiros para alertas 360° e sensores de rádio frequência mencionados pela fabricante.
Os sensores geram múltiplas fontes de imagem e sinais que são sincronizadas e enviadas ao processador embarcado.
Processamento e IA embarcada
Os fluxos de vídeo e sinais passam por um módulo de processamento local que executa modelos de visão computacional e fusão de sensores.
A IA faz detecção de figuras, rastreamento de alvos, correlação entre feeds (por exemplo, associar um sinal RF a uma posição) e prioriza o que é crítico para o usuário.
Assim temos sobreposições no visor: ícones de identificação, distâncias, rota sugerida e alertas de ameaça.
Rede e sensoriamento distribuído (Lattice)
Um ponto central é que o EagleEye não depende só do que o capacete “vê” naquele segundo: ele está pensado para operar como parte de uma malha.
Drones, sensores remotos, veículos e outros soldados alimentam a mesma rede. Assim, informações vindas de plataformas externas podem ser exibidas no visor de um combatente, ampliando a consciência situacional além da linha direta de visão.
Integração com armas e sistemas remotos
O sistema pode transmitir dados para armas, drones e robôs e receber telemetria deles. Isso permite, por exemplo, que imagens de um drone sobrevoando um prédio sejam projetadas no visor de quem está no solo, ajudando a “ver” áreas que não são diretamente visíveis.


Mas afinal, ele enxerga atrás da parede?
Resposta direta: não literalmente. O EagleEye não transforma um visor em uma câmera de raios X. Sensores ópticos e térmicos não atravessam paredes opacas; materiais como concreto e aço bloqueiam esses sinais.
No entanto, há duas formas pelas quais o sistema pode dar a sensação de “ver atrás da parede”:
- Sensoriamento indireto e inferência: radares de penetração de superfície ou sensores de rádio frequência (tecnologias de detecção por micro-ondas/UWB existem no mercado) podem detectar movimento ou presenças por trás de obstáculos fracos, mas com limitações de alcance, resolução e tipos de material. Muitos desses métodos produzem leituras imprecisas que dependem de software para interpretar o que está acontecendo.
- Fusão de fontes externas muito mais eficaz na prática: imagens e sensores montados em drones, câmeras elevadas ou dispositivos remotos podem ver o interior ou o outro lado de um prédio e transmitir essa imagem ao visor via Lattice. Nesse caso, o soldado “vê” o que está do outro lado da parede, mas a visão vem de outro sensor, não do capacete atravessando a barreira.
Portanto, o efeito de “ver através de paredes” costuma ser resultado de combinação de sensores distribuídos, inferência algorítmica e comunicações, não de uma única câmera milagrosa no capacete.

Limitações práticas
Mesmo com múltiplas fontes, qualidade e utilidade variam conforme condições: materiais do obstáculo, distância, ruído eletromagnético, tempo de processamento e latência da rede.
Detecções indiretas podem gerar falsos positivos e exigem interface que não sobrecarregue o usuário com alertas irrelevantes. Há também desafios de ergonomia (peso, calor), segurança de dados e confiabilidade em ambientes contestados.
Exemplos de uso tático
Em operações urbanas, um drone pode sobrevoar um edifício e enviar imagens em tempo real para vários capacetes; sensores laterais do capacete alertam sobre aproximações; o visor destaca rotas seguras com base em mapas atualizados pela rede.
Já em cenários de defesa de perímetro, sinais RF podem ajudar a localizar transmissores inimigos ou detectar movimento oculto, integrando isso à visão do operador.
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O contrato bilionário com o Exército dos EUA
O lançamento acontece em um momento decisivo: o Exército norte-americano encerrou, em 2025, sua parceria de US$ 22 bilhões com a Microsoft para o IVAS (Integrated Visual Augmentation System), projeto que enfrentou problemas de desempenho e desconforto físico entre soldados.
A Anduril assumiu o contrato, prometendo corrigir essas falhas e entregar uma alternativa mais leve, modular e adaptável.
Em setembro, a empresa recebeu um novo investimento de US$ 159 milhões para desenvolver protótipos do EagleEye dentro do programa Soldier Borne Mission Command (SBMC) — iniciativa que busca equipar tropas com um sistema digital completo de comando, controle e percepção aumentada.
Luckey afirmou em entrevista que a Anduril já iniciou a produção de cerca de 100 unidades para testes com unidades do Exército no segundo trimestre de 2026. Segundo ele, o custo por dispositivo deve ser menos da metade dos US$ 50 mil a 80 mil estimados originalmente no contrato da Microsoft.
“Eu sabia que o IVAS não funcionaria”
Durante uma coletiva em Washington, Luckey adotou um tom confiante e provocador ao comentar o projeto herdado da Microsoft.
“Não quero soar arrogante, mas eu sabia que o IVAS, da forma como foi arquitetado, não iria funcionar. Eu já passei por todos esses desafios antes. Eu resolvi os problemas de latência, calibração e enjoo virtual há anos”, disse, referindo-se às limitações que tornavam os antigos headsets incômodos para uso prolongado.

O engenheiro também explicou como as lições do Oculus o ajudaram a eliminar o “cybersickness”, desconforto comum em sistemas de realidade virtual. “Eu chutei o traseiro desses problemas antes, e fizemos isso novamente”, completou, arrancando risos dos jornalistas.
Um projeto nascido da ficção científica
Luckey costuma dizer que nada do que faz é realmente novo — apenas a concretização de ideias sonhadas décadas atrás.
Ele cita obras como Tropas Estelares, de Robert Heinlein, que já imaginavam soldados equipados com computadores e visores balísticos capazes de calcular trajetória, vento e até o efeito Coriolis em disparos.
Tudo que fazemos já foi descrito na ficção científica. A diferença é que agora dá para construir
Palmer Luckey, o criador do Oculus Rift e fundador da Anduril Industries
Essa visão inspirou o desenvolvimento do Lattice, que funciona como uma “mente coletiva” de IA para conectar sensores e sistemas de guerra em uma malha descentralizada.
De olho em novos mercados além do exército
Embora o foco inicial seja o Exército dos EUA, a Anduril já estuda aplicações civis do EagleEye, como uso por bombeiros, equipes de resgate e agentes de fronteira. Luckey confirmou que o Departamento de Segurança Interna (DHS) está entre os potenciais clientes.

“Trabalhamos com várias divisões do DHS, da Guarda Costeira à Patrulha de Fronteira. Mas, antes de tudo, precisamos acertar com o Exército. Se conseguirmos isso, teremos uma plataforma modular que pode ser adaptada a qualquer missão”, afirmou.
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Quando a ficção se torna equipamento padrão
Com o EagleEye, Palmer Luckey parece completar um ciclo: o garoto que criou o Oculus para explorar mundos virtuais agora desenvolve equipamentos para mudar o mundo real.
Ao unir realidade mista, IA e engenharia militar, a Anduril aposta em um futuro no qual a fronteira entre homem e máquina se torna cada vez mais invisível e perto do que Call of Duty: Black Ops 7 está trazendo — e, talvez, inevitável.
Fonte: Anduril Industries
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