Microsoft esclarece se vai eliminar linguagens C e C++ até 2030

O engenheiro Galen Hunt, da Microsoft, esclareceu recentemente no LinkedIn os boatos sobre eliminar as linguagens C e C++ até 2030. Ele explicou que a iniciativa é um projeto de pesquisa para modernizar a infraestrutura da companhia. Através de Inteligência Artificial, a equipe busca traduzir sistemas complexos para Rust. O objetivo é aumentar a segurança de memória e reduzir dívidas técnicas, desmentindo a ideia de que o Windows passará por uma reescrita total imediata.

A confusão começou quando Hunt publicou uma vaga para Engenheiro de Software Principal, afirmando que seu objetivo era eliminar cada linha de C e C++ da Microsoft até 2030. Segundo ele, o propósito da função seria nos ajudar a evoluir e aumentar nossa infraestrutura para permitir a tradução dos maiores sistemas C e C++ da Microsoft para Rust. Essa declaração audaciosa gerou um debate intenso sobre o fim das linguagens clássicas na gigante de tecnologia.

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O mal-entendido sobre o código legado

Hunt precisou atualizar sua postagem original para acalmar os ânimos da comunidade de desenvolvedores e evitar interpretações erradas sobre o futuro do sistema operacional. Ele afirmou categoricamente: Apenas para esclarecer… o Windows NÃO está sendo reescrito em Rust com IA […] O projeto da minha equipe é um projeto de pesquisa. A ideia não é uma mudança obrigatória e imediata em todos os produtos, mas sim o desenvolvimento de novas capacidades técnicas.

O trabalho é conduzido pelo grupo “Future of Scalable Software Engineering”, que faz parte da divisão Microsoft CoreAI. O foco desses especialistas é criar ferramentas que permitam à empresa e aos seus clientes lidar com sistemas antigos de forma eficiente. O engenheiro explicou que a missão da equipe é construir capacidades para permitir que a Microsoft e nossos clientes eliminem a dívida técnica em escala, utilizando uma base de processamento já operacional.

A estratégia da Estrela do Norte e o uso de IA

A metodologia envolve uma infraestrutura algorítmica que cria um gráfico escalável sobre o código-fonte original. Hunt detalhou que a infraestrutura de IA nos permite aplicar agentes de IA, guiados por algoritmos, para fazer modificações de código em escala. O objetivo principal, chamado de “North Star”, é atingir a marca de 1 engenheiro, 1 mês, 1 milhão de linhas de código, transformando um processo que antes era considerado humanamente impossível de realizar.

Embora o projeto seja tratado como pesquisa, o compromisso da empresa com a modernização é real. A gigante tecnológica já investiu cerca de 10 milhões de dólares para transformar o Rust em uma linguagem de primeira classe para seus sistemas. Diferente das linguagens tradicionais, o Rust oferece proteções integradas contra erros comuns de programação que levam a falhas de segurança, tornando os softwares muito mais confiáveis e dependentes para o usuário final.

A transição para o Rust e a segurança de memória

Jeffrey Cooperstein, da equipe do Azure, reforçou que décadas de vulnerabilidades provaram a dificuldade de prevenir bugs de corrupção de memória ao usar linguagens antigas. Ele pontuou que enquanto linguagens com coleta de lixo, como C# ou Java, provaram ser mais resilientes a esses problemas, existem cenários onde elas não podem ser usadas. Nesses casos críticos, o Rust surge como a alternativa de alto desempenho que garante a segurança necessária aos dados.

A migração faz parte de um plano plurianual de longo prazo. Em 2023, a empresa já havia começado a reescrever partes vitais do Kernel do Windows utilizando Rust, visando entregar uma experiência de uso cada vez mais estável. Esses esforços de engenharia convergem com o desejo de tornar o sistema mais rápido e consumindo menos RAM em futuras versões, otimizando a forma como o software interage com o hardware moderno.

Modernização contínua do ecossistema Windows

O processo de modernização do código também abre portas para melhorias diretas no desempenho de armazenamento e conectividade. O desenvolvimento de ferramentas de tradução automática ajuda a implementar rapidamente soluções como o driver secreto que otimiza SSDs NVMe em atualizações recentes. Assim, a substituição de bibliotecas obsoletas por código moderno em Rust garante que o sistema aproveite ao máximo o potencial dos novos dispositivos de hardware.

A tendência não é exclusiva, pois o Google também afirmou que falhas de segurança de memória em linguagens clássicas são as fontes mais difíceis de corrigir no Android. A adoção de tecnologias modernas é uma prioridade para evitar travamentos e comportamentos imprevisíveis. Segundo os especialistas, embora o C++ possua um ecossistema vasto, a transição para padrões mais seguros é um investimento necessário para o futuro da computação e da segurança cibernética global.

Fonte: techradar