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Tecnologia viva

Cientistas criam computador feito de fungos shiitake — chip de memória RAM chega a quase 6 GHz

Pesquisadores da Universidade de Ohio cultivam cogumelos shiitake para criar chips biodegradáveis de alta frequência; veja como a biotecnologia pode mudar a computação.

Cientistas criam computador feito de fungos shiitake — chip de memória RAM chega a quase 6 GHz
Créditos: Reprodução/John LaRocco

Pesquisadores da Universidade de Ohio desenvolveram um computador biológico feito a partir de fungos shiitake, capaz de operar como uma memória RAM orgânica com frequência próxima de 6 GHz. A descoberta abre caminho para sistemas de computação sustentáveis e inspirados no cérebro humano.

O cérebro por trás do micélio

O projeto usa o micélio, uma rede de filamentos que forma a base dos fungos, como material para construir memristores: componentes eletrônicos que imitam o funcionamento das sinapses cerebrais.

Divulgação/Universidade de Ohio

Diferente da arquitetura tradicional dos computadores, que separa processador e memória, o memristor consegue armazenar e processar informações simultaneamente, aumentando a eficiência energética.

Os cientistas perceberam que o micélio dos cogumelos consegue reproduzir padrões elétricos parecidos com os impulsos neuronais do cérebro. Tal característica torna o material adequado para a chamada computação neuromórfica, área que busca reproduzir a lógica biológica em sistemas eletrônicos.

O que é computação neuromórfica?

A computação neuromórfica é um campo que tenta reproduzir, em máquinas, a maneira como o cérebro humano processa informações. Ou seja, em vez de separar os papéis de memória e processamento (como acontece nos computadores tradicionais), esse modelo une as duas funções em um mesmo componente.

Nos sistemas convencionais, o processador precisa buscar dados na memória constantemente, o que consome tempo e energia. Já em uma arquitetura neuromórfica, os dados são armazenados e processados no mesmo local, de forma parecida com o que fazem as sinapses e neurônios do cérebro.

Assim, aintegração possibilita respostas mais rápidas e economia de energia, além de permitir aprendizado contínuo a partir da experiência — algo vital para o avanço da inteligência artificial.

No caso do chip feito de fungos shiitake, os pesquisadores da Universidade de Ohio exploraram justamente essa lógica biológica. O micélio do cogumelo foi usado como uma espécie de “rede neural viva”, capaz de adaptar seus sinais elétricos e reagir a estímulos de maneira dinâmica, o que o torna funcional para experimentos nesse tipo de arquitetura.

Em outras palavras, a computação neuromórfica não busca apenas copiar o cérebro, mas sim se inspirar nele para criar sistemas capazes de aprender, se ajustar e evoluir — algo que até hoje desafia os limites da eletrônica tradicional.

Do laboratório ao chip biológico

Para transformar os cogumelos em componentes funcionais, a equipe cultivou amostras de shiitake e champignon, depois desidratadas e conectadas a circuitos personalizados.

Aplicando tensões elétricas controladas, os pesquisadores observaram mudanças rápidas entre diferentes estados elétricos, com precisão de 90% e capacidade de alternar 5.850 vezes por segundo.

Divulgação/Universidade de Ohio

Conseguir desenvolver microchips que imitam a atividade neural real significa reduzir drasticamente o consumo de energia em repouso”, explicou John LaRocco, cientista do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Ohio e autor principal do estudo.

Segundo ele, essa eficiência pode representar uma vantagem econômica e ambiental significativa no futuro da computação.

Divulgação/Universidade de Ohio

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Sustentabilidade como motor da inovação

Além do desempenho técnico, o estudo ressalta o potencial ecológico da tecnologia. O micélio é biodegradável, barato e resistente à radiação e à desidratação, o que amplia sua durabilidade em comparação com materiais orgânicos comuns.

Por dispensar metais raros e processos de fabricação intensivos em energia, o chip fúngico surge como uma alternativa mais limpa para a indústria de semicondutores.

A sociedade está cada vez mais consciente da importância de preservar o meio ambiente. Ideias como essa podem ser o ponto de partida para uma nova geração de dispositivos ecológicos

Qudsia Tahmina, professora de engenharia elétrica e coautora da pesquisa

De cogumelos a foguetes

Os pesquisadores acreditam que o avanço pode ser aplicado em computação de borda e exploração aeroespacial, onde peso leve, baixo consumo e resistência a condições extremas são fatores decisivos. Em versões menores, os circuitos fúngicos também poderiam aprimorar o desempenho de dispositivos vestíveis e sistemas autônomos.

O estudo, publicado na revista PLOS One sob o título “Sustainable memristors from shiitake mycelium for high-frequency bioelectronics” (DOI: 10.1371/journal.pone.0328965), contou com apoio do Honda Research Institute e envolveu pesquisadores como Ruben Petreaca, John Simonis e Justin Hill.

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Quando a tecnologia começa a crescer

Embora ainda em estágio experimental, o experimento abre caminho para uma nova fronteira em que chips não são fabricados, mas cultivados. Como concluiu LaRocco, “tudo o que você precisa para começar a explorar essa tecnologia pode caber em uma pilha de composto e alguns circuitos caseiros”.

Fonte: ScienceDaily e Universidade de Ohio

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