REVIEW | AMD Radeon RX 7600: enfim um bom lançamento nessa geração

Recebemos para review / análise a placa de vídeo AMD Radeon RX 7600, placa de vídeo da AMD focada no gameplay em 1080p, dimensionando a tecnologia RDNA 3 para essa demanda de desempenho, também trazendo o custo para um patamar mais baixo.

Os novos modelos Radeon RX 7000 apresentam a arquitetura RDNA 3 com a segunda geração de Ray Acelerators para Ray Tracing, capaz de entregar até 80% a mais de desempenho que em modelos de geração anterior, Radeon RX 6000, baseados em RDNA 2. Outra novidade é a adição dos AI Acelerators que se utilizam de múltiplas funções que exploram hardware para acelerar o aprendizado de máquina.

Há ainda uma outra adição importante que é a introdução do codec AV1 acelerado por hardware tanto na decodificação quanto na codificação de vídeo. Por fim, o Infinity Cache também ganhou uma nova versão, com mais largura de banda disponível.

O modelo que iremos testar é o projeto da própria AMD, e o principal destaque é o porte extremamente compacto. Não é muito comum um projeto referência de uma placa de entrada, porém a empresa não perdeu a oportunidade de lançar uma placa de vídeo na contramão dos portes cada vez maiores, especialmente da rival NVIDIA.

O projeto referência da Radeon RX 7600 é supercompacto, indo no caminho reverso das topo de linha gigantescas recentes

A Radeon RX 7600 traz um total de 32 Unidades Computacionais RDNA 3, uma redução enorme versus a Radeon RX 7900 XT e suas 84 CUs. Seu preço também indica o foco no segmento de entrada, sendo que a placa foi anunciada por US$ 269, abaixo da sua antecessora RX 6600, que chegou por US$ 329, e ficando entre as rivais RTX 3050 (US$ 249) e RTX 3060 12GB (US$ 329).

---

A microarquitetura RDNA 3 das Radeon RX 7000

A microarquitetura RDNA 3 mantém conceitos introduzidos com as RDNA 2, com uma nova geração de estruturas como os Ray Acelerators para lidar com Ray Tracing, ou o Infinity Cache para dar conta da grande quantidade de dados requeridos por um gameplay em 4K. Mas ela também introduz novas tecnologias, com o foco em aumentar a performance, trazer novos recursos e até mesmo trazer um produto com custo mais competitivo.

O grande trunfo desses chips gráficos é o uso dos chiplets, a combinação de múltiplos dies interconectados por uma estrutura com 5.3 TB/s de largura de banda. Esse chiplet é composto por um die central com as unidades de computação gráficas, ou os Graphic Compute Die (GCD), feita na tecnologias mais moderna de 5nm, rodeado por dies com memória cache, ou os Memory Cache Die (MCD), baseados na microarquitetura de 6nm. Esse é “o truque” que torna viável para a AMD introduzir suas placas com preço abaixo dos mil dólares. Com chiplets, é mais fácil a fabricação de dies funcionais, reduzindo o desperdício e o custo, comparado a um die maior com todas as estruturas juntas. Isso também possibilita economizar usando uma arquitetura mais barata para as memórias, mantendo a funcionalidade e o nível de performance requeridos para sua função como cache da GPU, enquanto entrega a tecnologia mais moderna para as estruturas do GCD.

Começando a descrição dessas estruturas pelos Ray Acelerators, a segunda geração de aceleradores de processamento de Ray Tracing são muito mais capazes de lidar com o traçamento dos raios de luz. As novas unidades conseguem pular etapas durante o calculo dos traços, executando o processamento de forma mais eficiente, enquanto o cache foi otimizado para viabilizar mais cálculos de traços em menos tempo. O resultado são ganhos que podem chegar a 1.8x sobre a tecnologia presente nas RDNA 2, e uma redução na vantagem que a Nvidia apresentava nesse aspecto.

Outra mudança é a segunda geração do AMD Infinity Cache. O foco da AMD foi aumentar a eficiência mudando a hierarquia dos dados entre o cache de nível 2 (L2 cache, mais próximo das unidades computacionais) e a memória Infinity Cache, buscando manter o máximo de largura de banda disponível e potencializando a capacidade dessa memória adicional em se tornar um ampliador de largura de banda. Como resultado, os 96MB a 384-bit de Infinity Cache de segunda geração da RX 7900 XTX entrega até 3494.4 GB/s de largura de banda, dobrando os 1793.5 GB/s presentes na Radeon RX 6950 XT. Até a Radeon RX 7900 XT e seus 80MB de Infinity Cache em 320-bit já entregam um salto para 2912 GB/s. 

Outra mudança muito importante para quem renderiza vídeos, grava e/ou transmite seus gameplays é a introdução da tecnologia de codificação do AV1 na linha Radeon. As Radeon RX 7000 possuem um motor de codificação/decodificação capaz de entregar até 8K/60fps ou 4K/240fps. O padrão VP9 também é suportado mas apenas na decodificação, com suporte a até 4K/210fps em até 10-bti de cor.

As Radeon RX 7900 enfim marcam a entrada da AMD no jogo dos hardwares aceleradores de AI. Isso traz uma estrutura análoga aos núcleos tensores das GeForce RTXs e aos MXM das Intel ARC. Os AI Acelerators tem a função de atuar como future proof nas Radeon 7000, pois com a introdução de cada vez mais softwares capazes de realizar ações relacionadas com inteligência artificial, a AMD adicionou essas estruturas para garantir que suas placas de vídeo sejam capazes de acelerar esses ciclos de trabalho que suas rivais da Nvidia e Intel já são capazes de lidar.

As Radeon RX 7000 trazem codificação e decodificação do AV1 em até 8K@60fps, além do DisplayPort atualizado para suportar até 4K@480fps

E por fim as RDNA 3 trazem a nova interface de displays chamada de “Radiance Display Engine”. Diferente das economias e restrições feitas pela Nvidia na linha RTX 40, as Radeon 7000 trazem suporte ao DisplayPort 2.1a (ao invés do 1.4a das GeForces) suportando dessa forma até 4K/480Hz versus os 4K/240Hz sem compressão das GeForces. Outro cuidado foi a adição de uma porta USB Tipo-C com suporte a DisplayPort 2.1, já que segundo a AMD, há uma tendência forte de surgimento de mais telas usando a conectividade DP via USB. 

A Radeon RX 7600

A Radeon RX 7600 é a implementação mais básica no momento da microarquitetura RDNA de terceira geração. Ela vem equipada com um total de 32 Unidades Computacionais, quatro a mais que sua antecessora, a RX 6600. Por consequência, trás 32 unidades aceleradoras de Ray Tracing.

A placa também recebeu leves ganhos de frequência, operando em game clock – frequência que a placa deve atingir em gameplay – de 2.25GHz, enquanto as memórias receberam uma melhora dos 14 Gbps para 18 Gbps.

A placa também conta com a tecnologia Infinity Cache, usando a estruturação em chiplets para incluir um total de 32MB de memória adicional próximo da GPU. Fecham as configurações o uso de 8 GB de memória GDDR6, algo que, segundo a AMD, está bem dimensionado para um gameplay em Full HD em qualidade alta.

---

Radeon RX 7600 vs Radeon RX 6600 vs NVIDIA GeForce 3060

Fotos do projeto referência da Radeon RX 7600

Um dos diferenciais da AMD Radeon RX 7600 é seu tamanho mais compacto em relação aos lançamentos mais recentes de NVIDIA e da própria AMD. O design segue o padrão de outras placas de vídeo da companhia, mas com o detalhe que conta apenas com duas fans.

No quesito conectividade, a nova placa de entrada AMD acompanha os modelos topo de linha da empresa com conexões DisplayPort 1.4a e 2.1 e HDMI 2.1. Na parte de energia, a RX 7600 apresenta uma entrada para um conector de 8 pinos.

 

---

Sistema utilizado

Nesta review utilizamos a nova bancada de testes padrão, baseada em um processador Intel Core i9-13900K. Vários outros componentes de alto desempenho acompanham esse sistema, como SSDs NVMe PCIe4 e 32GB de RAM com frequência de 6000MHz.

Antes dos testes, detalhes da máquina, sistema operacional, drivers e softwares/games utilizados nos testes:

Máquina utilizada nos testes:
– Processador Intel Core i9-13900K
– Placa-mãe ASUS ROG Maximus Z790 Extreme
– Kit de memórias Kingston FURY Renegade RGB 32GB (2x16GB) 6000MHz
– SSD Kingston Fury Renegade 500GB + 4TB
– Sistema de refrigeração CM MasterLiquid ML360 Ilusion
– Fonte de energia ASUS Thor 1600W

Sistema Operacional e Drivers:
– Windows 11 Pro 64 Bits
– AMD Adrenalin 23.5.x

Aplicativos/Games:
– Adobe Media Encoder 2023 (renderização pela GPU)
– Blender Benchmark 3.x
– SPECviewpeft 20 v30 (Solid Works/Maya, renderização pela GPU)
– 3DMark (Fire Strike Ultra / Port Royal / DLSS Feature Test)
– Assassin’s Creed Valhalla (DX12)
– Call of Duty Modern Warfare II (DX12)
– Cyberpunk 2077 (DX12)
– F1 22 (DX12)
– Flight Simulator 2020 (DX12)
– Horizon Zero Dawn (DX12)
– Rainbow Six Siege (Vulkan)
– Red Dead Redemption 2 (Vulkan)
– Resident Evil Village (DX12)
– Watch Dogs: Legion (DX12)

GPU-Z
Abaixo a tela principal do GPU-Z mostrando algumas das principais características técnicas da placa.

---

Overclock da AMD Radeon RX 7600

A Radeon RX 7600 não se saiu tão bem em overlock. Foram muitas travadas e configurações de tensão e clocks para chegar as frequências alcançadas.

OBS.: Faça overclock por sua conta e risco. Overclock pode resultar em perda de garantia.

---

Consumo de energia

Começamos pelos testes de consumo de energia com todas as placas comparadas. Os os testes foram feitos com o mesmo sistema, o que dá a noção exata do que cada VGA consome. Vale destacar que o valor representa o consumo total da máquina e não apenas da placa de vídeo, o que dá uma dimensão de quanto um sistema completo consome. Comparações com testes de outros sites podem gerar resultados bem diferentes devido à mudanças de sistemas utilizados.

Os testes consistem no consumo mínimo do sistema, quanto ele em modo ocioso após o teste de carga máxima, nesse caso rodando o 3DMark através do modo Fire Strike Ultra.

OBS.: No teste rodando o aplicativo 3DMark, consideramos de 5 a 10W como margem de erro, devido à variação que acontece testando uma mesma placa.

---

Temperatura

Mais um teste muito importante quando falamos de placas de vídeo, a temperatura do chip. Os testes consistem tanto com o sistema em modo ocioso como em uso contínuo.

É importante destacar que algumas placas possuem sistema que desliga os fans quando a GPU não está sendo exigida, como ao executar tarefas simples do Windows ou mesmo games pouco exigentes. Por isso, existem temperaturas consideravelmente acima de alguns modelos nessa situação, mas que na prática não comprometem a placa. De acordo com as fabricantes, esse recurso aumenta o tempo de vida útil além de consumir menos energia. Sendo assim, podem existir diferenças grandes na temperatura do modo ocioso, o que não caracteriza uma placa ruim caso a temperatura seja alta.

Por que a placa ficou com temperatura menor quando overclockada?
Essa é uma situação normal nas placas atuais. A rotação dos FANs fica mais rápida e consequentemente fazem o GPU resfriar mais rapidamente, em alguns casos com temperatura menor do que em situação normal.

Por que a placa com sistema de cooler referência tem temperatura em modo ocioso menor que uma placa com cooler teoricamente melhor?
Porque placas de vídeo atuais com projetos de cooler mais recentes tendem a desligar os FANs quando a temperatura fica abaixo de números como 40, 45 ou mesmo 50 graus, assim quando os FANs ficam desligados a tendência é que a GPU não baixe a temperatura mais do que o limite que desliga os FANs.

OBS.: As temperaturas podem variar bastante de acordo com a região do país, sistema onde a placa está instalada e teste utilizado.

---

Benchmarks com aplicações

Blender

Adobe Media Encoder CC 2023

SPECviewperf 20

---

3DMark

---

Testes em games com a Radeon RX 7600

Agora vamos ao que realmente importa: os testes de desempenho em alguns dos principais games do mercado.

Para ajudar a entender os gráficos a seguir: acima de 60fps é o ideal para monitores que operam nessa frequência. Quanto mais próximo dos 30fps, pior vai ficando a fluidez e, abaixo dos 30, o jogo começa a ficar “não jogável”

Testes com o Assassin’s Creed Valhalla

---

Testes com o Call of Duty Modern Warfare II

---

Testes com o Cyberpunk 2077

---

Testes com o F1 2022

---

Testes com o Flight Simulator 2020

---

Testes com o Horizon Zero Dawn

---

Testes com o Red Dead Redemption 2

---

Testes com o Red Dead Redemption 2

---

Testes com o Resident Evil Village

---

Testes com o Watch Dogs: Legion

---

Vale a pena comprar uma AMD Radeon RX 7600?

A Radeon RX 7600 é um incremento relevante de performance geracional, como andava faltando em muitos lançamentos recentes. Ela chega com preço oficial mais barato que sua antecessora e mais performance, o que já seria uma excelente combinação, mas tanto a redução de preço (20%) quanto o ganho em performance (25%) são altos, tornando esse em um lançamento fortíssimo.

Em nossos testes, vemos um ganho de 25% sobre a antecessora na maioria dos games e ela consegue buscar até a Radeon RX 6700 XT em títulos como Horizon Zero Dawn. Mas o upgrade é ainda mais relevante quando falamos de jogos que envolvem Ray Tracing, onde a placa salta de 30 a 50% sobre sua antecessora, e novamente passa perto da Radeon RX 6700 XT, cerca de 10% atrás, em alguns jogos.

A Radeon RX 7600 consegue ser ao mesmo tempo uma redução no preço e uma evolução na performance, algo que estava fazendo falta nos lançamentos recentes tanto da AMD quanto Nvidia

Na prática, a Radeon RX 7600 traz o fôlego que estava faltando para a Radeon RX 6600 para “cravar” o Full HD. A antecessora é um excelente custo x benefício, inclusive foi uma recomendação recente nossa para um PC Baratinho, mas não levava 1080p com folga, eventualmente precisando de ajustes gráficos em games mais recentes. O acréscimo de 25% de desempenho é a margem que faltava para conseguir um gameplay em Full HD em qualidade máxima.

Na disputa com a Nvidia, temos um duelo muito útil com a GeForce RTX 3060. A Radeon RX 7600 fica muitas vezes a frente dessa placa – que é a mais popular do line-up atual da Nvidia – o que inclui games como Red Dead Redemption 2 (17%), F1 22 (10%), Assassin’s Creed Valhalla (20%) e até “bailes” como em Call of Duty Warzone 2 (40%) e Horzion Zero Dawn (44%), sendo que nestes últimos games, ela até chega a se aproximar da RTX 3070! Mas alguns games que envolvem Ray Tracing, como Resident Evil Village e, especialmente, Cyberpunk 2077, ainda há uma vantagem para a RTX 3060, mas que no geral fica atrás da Radeon RX 7600.

Apesar do ruído em torno da VRAM que houve no debate sobre hardware recentemente (e que a AMD contribuiu para o caos), os 8GB de VRAM não pareceram um problema para a RX 7600. Em nossos gameplays, não foi necessário baixar a qualidade das texturas e essa quantidade pareceu suficiente ao longo do gameplay.

Com um custo mais barato e entregando mais performance em muitos dos games em Full HD, a Radeon RX 7600 é um upgrade relevante no line-up das Radeon, além de um competidor de peso para as GeForce. Até que enfim, vemos uma novidade no segmento que realmente importa para a maioria dos gamers, e dessa vez mais do que evoluções modestas ou dependentes de novas tecnologias para se mostrarem atrativas.